Mar como inspiração

Chico Ferreira testa receitas do seu bufê na casa com vista para o Atlântico, em Ilhabela

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Por Marisa Vieira da Costa
Atualização:

Equilibrada no alto de um costão no lado norte de Ilhabela, de frente para a Praia do Siriúba, a casa de quatro andares em vidro e madeira marca a vida de Chico Ferreira. Pronta há cerca de dois anos, após sete de obras, a construção é o "porto" desse chef de 27 anos em seus dias de folga. "Venho aqui para descansar, ler, fazer pesquisas e testar receitas", diz Chico, comandante da cozinha do Romã Produções Gastronômicas, bufê aberto em fevereiro de 2005, em São Paulo, em sociedade com dois amigos. A cozinha com vista para o Atlântico e os contornos da Serra do Mar inspiram Chico, um apaixonado pelo fogão desde a infância, passada numa fazenda em Jaú, onde nasceu. "Ainda pequeno, eu ouvia meu pai planejar, na quinta-feira, o cardápio do almoço de domingo. Por causa dele tomei gosto pela cozinha", conta. "Quando fiz 12 anos, pedi um livro de culinária de aniversário. A essa altura, preparava até pratos com frutos do mar." Com 18 anos, Chico trancou a matrícula na faculdade onde cursava Publicidade em São Paulo e foi morar na Austrália. Lá, surfava e lavava pratos em um restaurante. "O dono, um italiano, um dia perguntou por que eu pegava os talos dos cogumelos que ele jogava fora e expliquei que usava para testar receitas. Então ele me desafiou a preparar um prato com os talos, e gostou tanto que contratou na hora outro cara para lavar louça e eu como seu assistente." Chico ficou mais de um ano por lá e, na volta ao Brasil, foi trabalhar no restaurante Rouane, em São Paulo. Passou depois pelo Spot e pelo Hotel Lycra. "Mas nunca fiz um curso; sou autodidata", orgulha-se. Nas férias de 2002/2003, abriu um restaurante na Praia da Pipa, no Rio Grande do Norte. "Fiquei lá quatro meses e pratiquei bastante a comida de botequim", diz. Ao retornar a São Paulo, Chico se associou a dois amigos que organizavam eventos e passou a aceitar encomendas para jantares, almoços e coquetéis. "Cozinhava em casa, mas entrei em pé-de-guerra com a minha mãe, que se queixava da bagunça. Comecei a alugar casas até mesmo de amigos - eles iam para um hotel e deixavam a cozinha livre para mim." Chico e os sócios trabalharam nesse esquema improvisado de setembro a dezembro de 2004, quando alugaram uma casa no bairro do Brooklin que tinha um pé de romã - árvore que acabou dando nome à empresa, hoje com 10 funcionários. "Fazemos de festas de 15 anos a casamentos e eventos corporativos. Se pedirem perdiz, fazemos; se quiserem comida de botequim, também. Bufê é legal por causa disso", diz. Em busca de aperfeiçoamento, Chico lê muito sobre o assunto - em Ilhabela, num aparador do living, tem até livro sobre feng shui e cozinha. Ele conta que o pai, empresário, acompanhou passo a passo a construção da casa em Ilhabela, com o arquiteto Eduardo de Almeida. "Ele é apaixonado por design e muita coisa que tem aqui foi contribuição dele", diz. Na cozinha aberta para o living, o cimento queimado dá o tom. Está nas bancadas, no suporte do exaustor sobre o fogão industrial (o modelo de 6 bocas da Metalmaq custa R$ 860,90, na Dipratos), na meia parede que separa as duas pias. Duas banquetas altas com pés de alumínio (modelo semelhante, Sixties, por R$ 214, na Tok&Stok) são usadas na hora do aperitivo antes da refeição, servido na bancada que separa a cozinha da mesa de jantar. Como a família aparece todos os fins de semana, geladeiras com freezer (modelo DC 48 da Electrolux dúplex sai por R$ 1.949, no site da Fast Shop) guardam os alimentos. Nesses momentos de casa cheia, Chico faz uso de utensílios de tamanho generoso, caso das panelas de inox com tampa de vidro que o pai trouxe da Hungria (jogo semelhante de 5 peças, da alemã Silit, sai por R$ 779, na Pepper).

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