Mais que objetos

Andrea Bandoni busca o traço responsável em seu trabalho de designer

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Por Natalia Mazzoni
Atualização:
Luminária Pirarucu em parede grafitada pela designer Foto: Divulgação

Quando se formou em arquitetura, Andrea Bandoni já sabia que sua vontade de projetar pedia escalas menores que as dos prédios que estou na Faculdade de Arquitetura da USP (FAU). Partiu, então, em busca de um curso onde não só pudesse desenvolver sua vontade de criar objetos, mas que fosse também bastante conceitual. Achou seu caminho na Design Academy Eindhoven, na Holanda, onde fez seu mestrado e se apaixonou de vez pelo design de objetos. “É dessa formação holandesa que eu carrego a ideia de que o designer é responsável por colocar no mundo mais um objeto, em um lugar onde já temos tantas coisas. Cada nova proposta deve trazer consigo soluções ou respostas alternativas, novos usos”, diz Andrea.

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A criação de uma nova peça para seu portfólio começa com um período longo de pesquisa, para observar e experimentar materiais. “Posso imaginar fazer uma peça de qualquer material, mas, em certo ponto, terei de pensar qual a ética de produção daquilo, de onde ele vem e qual será seu fim. É preciso aliar o design a essa atitude mais responsável, de rodear as pessoas de objetos que não criem problemas, mas, sim, soluções.”

Desenvolvida no ano passado, durante a Cambridge Sustainability Residency – projeto anual que reúne artistas, na Inglaterra, para investigar o que é sustentabilidade –, a luminária Pirarucu é feita com escamas do peixe gigante da Amazônia. “A peça faz uso da qualidade translúcida das escamas e usa a grandeza e o aspecto exótico do peixe para tentar transmitir o que ele significa em seu contexto de origem”, explica a designer. 

Outra inspiração que veio da Amazônia está em sua Cuia & Cobre, uma releitura das cuias usadas por índios. O objeto ganhou apoio e colher, que podem ser usados separadamente. “O cobre, além de fazer contraste com a cuia, feita com os frutos da árvore cuieira, envelhece de uma maneira bonita, ficando em um tom esverdeado.”

Para este ano, a designer está se envolvendo com outros materiais naturais, que a desafiam em técnicas pouco óbvias. “Acharia interessante ver designers criando objetos que lidem com a realidade, como a da crise da água que estamos vivendo. Seremos obrigados a mudar nossos hábitos em um futuro próximo, e isso pode durar um tempo, sem volta, quem sabe.” 

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