Jardins no inverno

Uma terapeuta floral e um florista ensinam a proteger as plantas durante os dias mais frios

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Por Marcelo Lima
Atualização:
consultorio_013.jpg ARQUIVO 18-03-2014 EXCLUSIVO SUPLEMENTOCASA/CASAE/CASA&/CASA Casa Jardim de Leticia Kunow em Curitiba. Fotos Lucas Ferreira/ Divulgação Foto: Lucas Ferreira/Divulgação

Vem de longe a convivência da terapeuta floral Cristina Souza com as plantas. Assim como o conhecimento de seus ciclos e cuidados de manutenção. Em especial, em uma cidade sujeita a invernos tão severos quanto Curitiba, onde ela viveu a vida inteira e hoje mantém seu próprio jardim.

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“Meu pai é orquidófilo há mais de 40 anos. Meu avô materno mantinha um jardim de árvores frutíferas, de onde provinham as frutas para as compotas da família. Minha avó cultivava ervas, chás e hortaliças em seu quintal. Cresci no meio disso”, conta.

Eis que hoje, após passar por vários apartamentos, finalmente ela se instalou em uma casa e ganhou espaço para cultivar seu próprio jardim. E, com ele, a responsabilidade de proteger suas plantas. Em especial, nos dias mais frios, quando certamente elas exigem cuidados redobrados.

“Com exceção de flores da estação como amor-perfeito e boca-de-leão, que até podem ser plantadas no inverno, o momento é mesmo de reforçar a nutrição”, recomenda o florista, com formação em biologia, Bruno José Esperança, da Esalflores. “As plantas são como nós, quanto mais nutridas melhor resistirão as intempéries do inverno”, afirma. Segundo ele, lojas especializadas oferecem uma série de produtos para a adubação. “Mas, para quem não abre mão de uma opção orgânica, o esterco de aves é sempre uma alternativa.”

Cristina concorda com ele. “O inverno não é momento de movimentos bruscos, especialmente podas e excesso de regas. Prefiro nutrir minha plantas. Nunca molho o jardim no fim da tarde, para evitar a umidade e favorecer o resfriamento das folhas. Prefiro fazer isso logo pela manhã, para aproveitar o dia de sol.” E faz um alerta: “Se a temperatura baixar repentinamente, não hesite em cobrir as espécies mais sensíveis. Elas se ressentem muito de variações bruscas e podem mesmo queimar.”

 

Para a cobertura, Cristina diz utilizar “tecido que não é tecido” preso a estacas fixadas ao redor da planta. Plástico perfurado ou uma rede bem fechada também podem exercer a função. Mas isso como medida emergencial. Uma proteção mais eficaz deve ser planejada com antecedência. “É fundamental escolher o local onde as espécies mais frágeis vão se desenvolver. Procure plantá-las sob uma árvore ou uma planta mais alta. Além de ajudar a adubar o solo onde elas vão crescer, os galhos funcionam como cobertura natural”, explica.

Durante o inverno, as áreas gramadas do jardim de Cristina recebem cuidados específicos. “Crescem menos e queimam com facilidade. Aproveito para retirar as ervas daninhas e no começo da estação cobrir toda a superfície com uma boa camada de terra adubada. Ela não só nutre como protege”, diz.

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“A cobertura com terra oferece proteção, mas não se pode usar qualquer terra, sob risco de levar ervas daninhas para o gramado”, explica José Esperança. Para não correr riscos, ele aconselha que sejam utilizados apenas produtos específicos para essa função. E, em caso de dúvidas, procurar um especialista.

Por fim, a terapeuta recomenda aos jardineiros de plantão que respeitem o ritmo do tempo. “A natureza tem seus próprios ciclos. Aproveite o inverno para adubar e tenha paciência. Respeite o solo aquietado. Na primavera, as flores vão recompensar todo o seu esforço.”

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