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Ilustres aniversariantes

Vanguardistas por fora, revolucionárias por dentro, poltronas Donna e Sacco completam 50 anos

Por Camila Lima
Atualização:
O arquiteto e designer Gaetano Pesce, criador da Donna. Foto: Zeca Wittner

Se aniversários de 50 anos merecem comemorações especiais, a poltrona Donna, ícone do design mundial desenhada pelo arquiteto italiano Gaetano Pesce em 1969, recebeu uma celebração à altura. Foi durante a última edição da Semana de Design de Milão, no mês passado, quando ganhou dimensão de oito metros, muito além dos seus 103 cm originais, e uma locação tão especial quanto ela: a Piazza del Duomo. Recoberta por flechas e cercada por cabeças de animais selvagens, desta feita, com a intenção de protestar contra a opressão feminina. Surpreendentemente, o mesmo propósito que carregava quando foi desenhada. 

Também conhecida como La Mamma, Big Mama e Up, sua inspiração foram as deusas da fertilidade, mas se tornou icônica por ter sido a primeira peça industrial portadora de uma mensagem política. O material escolhido para seu interior, espuma de poliuretano, foi outro divisor de águas. Pesce conta que a ideia de usá-lo aconteceu ao acaso, durante o banho, ao pressionar uma esponja e notar que rapidamente ela recuperava seu estágio original. Surgia assim a ideia de uma poltrona que podia ser comprimida e embalada a vácuo, pronta para revelar sua forma voluptuosa quando era retirada da embalagem. Produzida pela B&B Itália, que patrocinou a réplica, o móvel, que integra o acervo de alguns dos maiores museus do mundo, como o Moma, de Nova York, hoje já chega ao consumidor em seu estado final. VEJA FOTOS DE DAS POLTRONAS 

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Outra célebre aniversariante é a poltrona Sacco. Representante do movimento antidesign italiano, foi desenhada em 1968 por Piero Gatti, Cesare Paolini e Franco Teodoro, mas passou a ser produzida pela Zanotta só a partir de 1969. 

Também contestadora, nasceu atacando a burguesia. Era avessa a rótulos e gostava de ser o que bem entendesse: banco, cadeira e até móvel para área externa. Tinha até uma alça para transporte, reflexo dos tempos onde a cultura hippie aflorava. Era ainda forte como poucas: resistia ao fogo e possuía costuras duplas. Em seu interior escondia-se seu maior segredo: diminutas esferas de poliestireno, material absolutamente inovador, num cenário onde só as penas tinham vez.

Extremamente simples, o modelo se tornou muito copiado mas, nem por isso, perdeu sua aura. Prova maior é sua presença permanente em museus como o Victoria & Albert, em Londres. Hoje, mais comportado, o móvel é comercializado em três tamanhos e pode ser encontrada nas versões couro ou lona, liso ou estampado. 

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