Grafite em domicílio

Conciliar temática e espaço disponível é essencial para bem grafitar as paredes de casa

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Por Jéssica Ferreira
Atualização:
Na casa de uma brasileira nos EUA, Tikka e Gen Duarte se uniram para criar a sereia com peixes. O grafiteiro Vermelho deu o toque final, com uma mosquinha Foto: Divulgação

Nas paredes e nos muros, nada de quadros, pôsteres ou estantes. Para os admiradores da street art, o grafite sai das ruas e ganha destaque na decoração, não só na área externa, mas também na sala de estar. Moradora do Estado americano de Maryland, a negociante de arte Roberta Pardo optou pelos traços da arte urbana na área da piscina. O local ficou mais atraente com os desenhos de grafiteiros do Brasil, que estavam no país a convite de Roberta para uma exposição da qual era curadora. Tikka e Gen Duarte, dois dos cinco convidados para exibir seus trabalhos na Gallery 102, em Washington, ficaram hospedados na casa da colecionadora, onde surgiu a ideia de complementarem o acervo de street art de Roberta, que considera inspiradora a conexão direta entre o artista e o público.

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Os artistas conseguiram casar suas personalidades na arte em uma só. “Eu e Gen já trabalhamos muitas vezes juntos, é bem fácil juntarmos nosso trabalho – meu gosto pelas sereias, o dele pelos peixes – e deixar o resultado ainda mais natural”, explica Tikka. O toque final do trabalho ficou com o artista Vermelho, responsável pelo desenho de uma mosca.

Para combinar com o estilo do proprietário, a inspiração de Gen Duarte nasce da observação do local a ser grafitado. “Olhando para as pessoas que vivem naquele espaço, como e quem são, como escolhem e dispõem seus móveis e objetos, para chegar e dar aquele toque especial que transforma tudo em um grande cenário. O que poderia ser só um lugar da vida real se torna mais lúdico e acredito que inspire os moradores a se sentirem bem”, comenta o grafiteiro.

Roberta conta que o mural não só acrescentou uma peça artística única à casa, mas também transformou o muro em um foco visual que pode ser admirado de todos os ambientes. Dos amigos e conhecidos que entraram na casa, ela não recorda de nenhum que não tenha admirado o trabalho.

Em São Paulo, a parede branca na área da piscina também o local escolhido para o grafite na casa de Adriana Gregório, que se interessou pelos traços de Binho Ribeiro. “A reação das visitas é sempre muito bacana: quem já gosta de grafite fica superempolgado e quem não conhece muito bem faz perguntas e admira da mesma forma”, conta.

O grafiteiro considera esse tipo de trabalho um desafio agradável e importante, por “legitimar a arte urbana”. A opinião é reforçada por Adriana. “Trazer para dentro de casa o grafite acaba provocando um desacordo com o conceito, mas está se tornando cada vez mais comum vermos pessoas que curtem esse tipo de manifestação querer ter uma obra em casa, principalmente, quando há a chance de ter o artista preferido trabalhando nela e poder acompanhar de perto todo o processo de produção”, diz.

Ribeiro está acostumado a deslocar seus traços das ruas para interiores domésticos, como é possível observar na parede da casa de Patrícia Prandini, que optou por uma carpa na sala de estar. A moradora queria dar mais personalidade ao ambiente, revestido como se fosse um caixote. Para ela, incluir o grafite na decoração faz parte de uma ideia de viver de uma maneira mais contemplativa e contemporânea. “A arte faz parte e não tem regras ou limites.” 

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