Feitos de afeto

O designer Rodrigo Calixto usa sua paixão pela madeira para criar

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Por Natalia Mazzoni
Atualização:
Mesa de centro Ethos, de Rodrigo Calixto Foto: Divulgação

O designer Rodrigo Calixto faz questão de afirmar o valor de cada peça que sai de suas mãos. Em parceria com o sócio Guilherme Sass, ele comanda a Oficina Ethos, na zona portuária do Rio. “Minha relação com meu trabalho é muito intensa, do desenvolvimento das peças às embalagens que chegam à casa dos clientes. Busco em cada objeto que nasce na oficina uma memória afetiva, um valor que está além do preço final”, diz.

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Com produção independente, a marca produz cerca de 20 peças por mês, feitas de maneira artesanal, sem grandes aparatos tecnológicos, mas que prezam por um acabamento impecável. Tudo é executado partindo do princípio de que cada pedaço de madeira é único, e conta uma história que deve permanecer viva na casa do cliente. Entre as madeiras favoritas da dupla estão vinhático, imbuia, peroba-rosa, pequi e roxinho. “O design é uma coisa mais restritiva, como uma coisa de museu, que você pode ver mas não pode tocar. O design da Ethos é feito para ser usado, tocado, pendurado. Isso faz com que ele faça parte da memória afetiva das pessoas.”

Foi lembrando dos dias de menino que Calixto criou uma das peças que marcam seu trabalho na oficina, o balanço Bilanx, de madeira de demolição. Na base, a inscrição “tempus fugit”, expressão em latim que significa, em livre tradução, “o tempo voa”. “O tempo foge da gente, a infância passa, mas ela precisa mesmo acabar?” 

O balanço, que acaba de ganhar edição especial feita com pinho-de-riga e tiragem de 10 unidades, ganhou menção honrosa, com a gangorra Momento, no Prêmio Design do Museu da Casa Brasileira do ano passado, e está prestes a ganhar outra versão, em parceria com a grife de roupas carioca Farm. “A marca nos convidou para fazer essa parceria, que deve chegar às lojas no segundo semestre”, conta Calixto. Entre outras peças premiadas estão a mesa Membeca, fabricada com placas de encaixe feitas de amostras de madeira, e a mesa Ethos, que vem com tabuleiro de jogos.

No ano que vem, Calixto pretende dar seu primeiro grande passo como artista plástico, em exposição solo em Paris, reafirmando seu apego ao uso da madeira. “Sinto que meu trabalho já é reconhecido pela atenção que dou ao acabamento, mas uma peça bem feita é o mínimo que posso apresentar. Minha busca, agora, é pelo entendimento de que essas peças são concebidas a partir de memórias afetivas.” 

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