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Étnico para misturar

Esther Giobbi cria espaços com peças da África e da Ásia

Por Roberto Abolafio Jr.
Atualização:

Esther Giobbi volta seu olhar sobre o Brasil e lança, na próxima quinta-feira, coleção de roupas de cama e acessórios para casa feitos de puro algodão trançado. Texturas variadas marcam colchas, almofadas e cortinas, entre outros produtos, feitos por bordadeiras de Carmo do Rio Claro, Minas Gerais, sob coordenação da profissional. Há tempos ela valoriza manifestações da artesania, seja daqui, seja da África ou da Ásia, de onde provêm várias peças à venda em sua loja. "Gosto do étnico não pelo exotismo em si, mas pela técnica que algumas peças apresentam", explica, no casarão na Avenida Brasil em que mantém o escritório - e onde, diga-se, viveu a infância. Não é à toa que os ambientes criados por ela com exclusividade para o Casa& têm o apelo de terras distantes, com direito a um mélange de peças contemporâneas, obras de arte e antiguidades. Elementos étnicos, antiguidades, arte e peças atuais mesclam-se no lounge. Foto: Zeca Wittner/AE Que a profissional gosta de misturar, muita gente sabe. Mas o que, afinal, diferencia suas decorações? "Sei lá, talvez eu seja mais eclética", desconversa. Trata-se de um personagem que não chega a ser avesso a entrevistas, mas costuma falar pouco. Quando o assunto é trabalho, então, é como se os ambientes falassem por si. Talvez porque, manda a boa educação, torna-se aconselhável manter certa postura low profile, mesmo sendo bom naquilo que se faz. Ao observar o mix proposto num dos espaços, o lounge, parece ser o valor intrínseco de cada um dos elementos, feitos à mão ou industrializados, que promove uma coerência estética capaz de surpreender. Aqui uma poltrona miçangada com iconografia africana, acredite, vai bem ao lado de uma outra, bem contemporânea, criada pelo francês Jean Prouvé. Já uma mesa de apoio indonésia se harmoniza com o exemplar de pequi executado pelo brasileiro Hugo França, em que aparece um belo coral e cruzes etíopes antigas. A parede junto da chaise, apoiada pela banqueta lapidar de Fernando Akasaka, é dominada pela tela de Mariana Palma, assim como, na defronte, espalham-se as instalações de Gustavo von Ha. Esculturas e hotéis Amiga das artes, Esther, no meio da conversa, pega um livro para mostrar por que diz estar encantada com as esculturas dos franceses Claude e François-Xavier Lalannes. "Gostaria de ter uma", confessa ela, que também pretende projetar hotéis, segmento no qual admira o trabalho de Ed Tuttle. Entre outros, o arquiteto americano projetou o Hyatt de Milão e de Paris. Recentemente, aliás, Esther foi à capital francesa para conferir a Maison & Objet. Saiu de lá decepcionada. "A tendência agora é muito brilho, muito lamê, muito exagero", comenta ela, para quem o que importa mesmo é a ligação com a natureza e o que vem dela. Um exemplo no quarto projetado pela decoradora: a madeira entalhada que faz a cama e a cadeira indianas. Já os tecidos na janela, trazidos de Angola, enchem os olhos com o colorido. Sobre os móveis de apoio, o contraste atual está nas imagens de toy art, outra expressão apreciada pela decoradora, que trazem frescor à composição. Depois de tudo visto e revisto, surge a dúvida a respeito de a profissional não ter usado em nenhuma parte móveis e objetos dos anos 40, espécie de marca registrada. Diz que continua a apostar neles, mas simplesmente preferiu não empregá-los dessa vez. "As peças daquela época servem bem de base para mesclar com outros estilos", explica Esther, que há cerca de 20 anos deixou o curso de Propaganda para cair na decoração, incentivada por amigos como Sig Bergamin e Conrado Malzoni. O que mudou desde então? "A gente sempre evolui, mas, hoje, sinto-me mais segura, com mais vivência e informação."

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