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Espaços Abertos

Flávio Butti e Alive Martins Tornam contemporâneo apartamento da década de 70

Por Marisa Vieira da Costa
Atualização:

Os apartamentos construídos nos anos 70, especialmente os de grande metragem, voltados para a classe média alta, eram muito fragmentados, com paredes e portas demais. "O conceito era transpor a casa para o prédio. Não havia o costume de ter um espaço só para ver televisão, por exemplo, e as áreas de serviço e dependências de empregadas eram imensas, assim como os quintais. Hoje, as pessoas tendem a ficar mais em casa e gostam de espaços abertos", explica a arquiteta Alice Martins, que, com o colega e sócio Flávio Butti, fez o projeto de reforma de um apartamento de 400 m² em um prédio de cerca de 40 anos, nos Jardins.

 

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Flávio conta que a obra demorou seis meses e que o imóvel ficou pronto há um ano. "O dono havia comprado o apartamento de um amigo e sua preocupação era tor-nar a área social ampla e integrada, deixá-la ‘limpa’ para colocar as obras de arte de que ele tanto gosta", explica o arquiteto.

 

Os profissionais lembram que as portas entre as salas de estar e de jantar e entre o estar e a galeria de entrada foram retiradas. E a parede que dividia o living da sala de TV acabou sendo derrubada para que a integração fosse total. Os ambientes que necessitavam de alguma privacidade ganharam portas de correr – como entre a sala de jantar e a de almoço.

 

Tudo isso envolveu uma série de mudanças estruturais. A dupla teve de refazer todo o gesso, mexer nas partes elétrica e de iluminação e ainda implementou um grande e complexo trabalho de marcenaria – desenhada por eles.

 

"Trocamos materiais e eliminamos espaços que já não tinham razão de ser, como a rouparia, que virou um pequeno escritório, e o segundo quarto de empregada, que sumiu para que a sala de banho da suíte master fosse ampliada", afirma Flávio. "Aumentamos a passagem entre o banheiro e o quarto e colocamos porta de correr." Esse banheiro todo de mármore crema marfil – que o arquiteto prefere chamar de sala de banho – tem duas cubas, um grande box com dois chuveiros de teto, uma banheira com hidromassagem e vaso sanitário fechado com vidro. E um toque de sofisticação: um coach Barcelona, de Mies van der Rohe, para momentos de relaxamento. No quarto, a marcenaria foi revestida de couro em tom cinza e há duas camas de casal de 1,40 m cada uma.

 

Luz faz a diferença

 

Outro destaque da reforma foi a sobreposição de porcelanato sobre o antigo granito amêndoa na cozinha e nos serviços, o que deixou o ambiente mais clean e luminoso. Também merece destaque o corredor de circulação que leva à área íntima e que escuro. Em um dos lados, a dupla de arquitetos fez estantes, onde ficam livros, CDs, DVDs e objetos da família. O que era só uma passagem foi valorizada também pelo trabalho de iluminação, com rasgos no gesso e balizadores na parede, que iluminam o piso.

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"O apartamento inteiro tem sistema de iluminação dimerizada, o que contribui para o clima acolhedor, mesmo sem muito mobiliário. Aliás, a iluminação acrescenta no projeto ou pode pôr tudo a perder", reconhece o arquiteto, que valorizou a galeria da entrada por meio da luz.

 

Ele e Alice também fizeram o projeto de interiores. "O proprietário trouxe pouca coisa de onde morava antes. A maioria do mobiliário é nova." Isso inclui os sofás e poltronas da Atrium, um tapete da Clatt de 4 m x 8 m no estar e a mesa de jantar redonda para 10 pessoas de madeira ebanizada, comprada na Montenapoleone. As cadeiras, da Dpot, são assinadas por Sergio Rodrigues.

 

"De um apartamento todo dividido, fizemos um espaço contemporâneo e, ao mesmo tempo, aconchegante", orgulha-se Flávio. Uma preocupação da dupla de arquitetos foi manter as paredes claras para a manter a boa luminosidade do imóvel e para receber e valorizar as obras de arte. O proprietário é um colecionador e tem peças de artistas como Nuno Ramos, Tomie Ohtake, Ianelli, Pancetti, Tunga e bronze art nouveau dos anos 30 de Marcel Boraine.

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