Esculturas, joias, utilitários. Os objetos criados pela designer e artista plástica Elisa Stecca, a partir de pedras e metais, escapam de qualquer definição. São, antes de tudo, composições muito pessoais, que desafiam o olhar, a lógica e o equilíbrio. “Acredito que em um mundo saturado de objetos, sentimos um desejo maior de ter por perto aqueles que queremos”, comenta ela, que nos últimos anos viu o interesse por seus trabalhos crescer exponencialmente – sobretudo junto a um público pouco afeito ao circuito das galerias –, e que lança amanhã, 19, sua mais nova coleção, Improváveis, na Dpot Objeto. “Me concentrei no formato dos seixos. Eles trazem a memória da lapidação natural provocada pelas correntes”, como afirmou ela, nesta entrevista ao Casa.
Como funciona seu processo criativo? Varia muito. Posso partir de uma ideia que me move na busca dos materiais ou, de forma inversa, com o próprio material dando início a um trabalho, como aconteceu nesta nova coleção, com os seixos. Na maioria dos casos, porém, o latão está sempre presente na forma de encaixes trabalhados a partir de técnicas de joalheria. Sempre com a clara intenção de colocar a natureza como algo precioso e de apresentar cada peça como uma joia.
Quem consome os seus objetos? Em geral, jovens colecionadores interessados em uma contaminação possível entre arte e design. No geral, um público que quer ter um convívio cotidiano com a arte, mas não dispõe de espaço para alojar coleções milionárias, nem quer passar pelo crivo dos galeristas.
Sua convivência com as pedras é longa. O que de mais importante a matéria-prima te ensinou? São quase 30 anos de convivência em harmonia. Confesso que aprendi muito. Mas, fundamentalmente, a respeitar o tempo de formação de uma obra e a valorizar o Brasil, sobretudo sua riqueza e diversidade natural.