Direto de Milão

Sofás, cadeiras, armários, mesas e poltronas recém-lançados na maior feira de design e decoração do mundo

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Por Marcelo Lima
Atualização:
Bancos Weavers, do designer Tord Boontje para a Moroso Foto: divulgação

Merece um olhar atento a produção veiculada pela 55.ª edição do Salão do Móvel de Milão, realizada entre os dias 12 e 17 de abril, atraindo para a cidade um público de 372 mil visitantes. Mudanças sutis, mas que, ao que tudo indica, vieram para ficar, já se fazem sentir em meio aos lançamentos apresentados pelos 2.400 expositores presentes no evento.

A primeira delas diz respeito à própria vocação dos móveis e objetos. Para um hábitat que se prenuncia cada vez mais compacto, eles surgem ainda mais multifuncionais e híbridos, sobretudo em seus formatos mais tradicionais, como mesas, cadeiras e estofados. Peças hoje concebidas não apenas para fazer bonito na sala. Mas também na cozinha e, quiçá, no escritório.

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“Me inspirei nas formas esculpidas nas rochas pela ação das águas e dos ventos. Depois, procurei contrapor esses formatos naturais à perfeição da produção industrial, trabalhando o contraste entre a base, sinuosa e orgânica, e o desenho do tampo, reto e preciso”, comenta o japonês Kensako Oshiro, autor de Hole, uma mesa feita de metal fundido, desenhada para a Kristalia. 

Um móvel que reúne duas outras características recorrentes nas criações apresentadas em Milão. De um lado, o interesse em incorporar o artesanato ao desenho das peças – ou ao menos de evocá-lo –, na tentativa de contribuir para a criação de um cotidiano mais natural e, consequentemente, mais humano. De outro, um elevado grau de expressividade das propostas, a ponto de imprimir feições quase esculturais a móveis e objetos de uso convencional. 

“Ao tomar contato com esse trabalho no Senegal, de imediato imaginei um círculo, a forma primordial, como um grande encosto. Rodeando, como uma auréola, quem nele se sentasse. Me agrada saber que esse banco foi feito sem computadores ou desenhos, mas por mãos talentosas”, conta Tord Boontje, autor do banco Weavers, tecido no país africano para a Moroso, que ilustra nossa capa. 

“Parti de uma forma estruturalmente simples, mas de execução complexa, uma vez que a junção entre o assento e o encosto se dá sem parafusos visíveis. Como contraponto, resolvi transformar assento e encosto em dois elementos lúdicos, ao alcance do usuário, que pode combinar seus padrões e cores”, comenta o designer holandêsFrank Rettenbacher, que assina June, para a Zanotta. 

Uma, entre, as muitas cadeiras da safra 2016 nas quais o móvel aparece reduzido à sua mais essencial expressão, às suas formas mais elementares. Uma solução de evidente efeito estético, mas também de resultado prático. “Desta forma ela pode se adaptar às mais diversas configurações arquitetônicas. E se encaixar em torno de qualquer mesa: seja ela de refeições ou trabalho”, resume ele.

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No segmento de mesas ocasionais – sejam elas laterais, centrais e de apoio –, a regra se mantém. Simplicidade e versatilidade são atributos em alta entre os consumidores. Como acontece na coleção 9 to 10, de Piero Lissoni para a Cassina, uma série de mesas de linhas bem definidas e construção elementar, que alterna tampos de mármore e de madeira. Móveis aparentemente frágeis, que contrapõem tampos pesados e delicadas estruturas, sugerindo uma espécie de microarquitetura.

“Meu objetivo era projetar uma cadeira que desafiasse a lei da gravidade. Um sonho que eu consegui apenas por ter acesso a processos de ponta, impensáveis até há pouco tempo. Sem eles não seria possível viabilizar a Dream Air”, declara o designer Eugenie Quitlet, a respeito de sua mais nova criação para a Kartell: um móvel formado por uma concha desvinculada de sua estrutura. Um projeto que já nasce com aura de clássico, assim como muitas das luminárias, cadeiras, poltronas, estantes e mesas que você confere nas páginas desta edição especial consagrada à Semana do Design de Milão.

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A quermesse milanesa em números

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