Dimensão holística

Em entrevista ao Casa, a arquiteta Patricia Anastassiadis fala sobre sua história de desenvolvimento de produtos

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Por Marcelo Lima
Atualização:
Sofá Módulo e mesa lateral transparente Louise. Foto: Salvador Cordaro

Patricia Anastassiadis tem uma longa história de desenvolvimento de produtos, sobretudo móveis e componentes. Inicialmente, para seus projetos de arquitetura e de interiores. Depois, em regime de colaboração com diversas empresas do setor. Atualmente é responsável por todo o design da Artefacto. “As pessoas me perguntam como me sinto como designer. Respondo que me sinto como sempre me senti desde que me tornei arquiteta, uma vez que nunca estabeleci distinção entre as duas disciplinas. Ao menos em relação ao impulso criativo”, comenta ela, que lançou no mês passado sua terceira coleção para a marca e deu início à conceituação da próxima. “Ainda é cedo. O design é um processo. Por ora são só ideias”, como afirmou nesta entrevista ao Casa.

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Você se notabilizou como arquiteta mas diz sempre ter tido um grande interesse em criar e produzir móveis. De onde isso vem e o que mais te fascina no processo?

Venho de uma família de pequenos fabricantes, de modo que o ambiente de fábrica faz parte das minhas mais distantes memórias e, talvez por isso, hoje me sinta tão à vontade no ambiente. De fato, eu adoro visitar fábrica. Perguntar, vasculhar, descobrir novas maneiras de fazer o que era feito de outra forma. Mas isso é apenas uma parte. Na verdade, adoro a ideia de criar algo capaz de colocar você tão em contato, fisicamente até, com outro ser humano. Isso é uma dimensão que nem a arquitetura tem. É uma possibilidade que só o design oferece e que me fascina.

Aarquiteta Patricia Anastassiadis. Foto: Victor Affaro

E como se dá esta interação na nova coleção?

Trata-se da continuação do nosso trabalho anterior, lançado na Primavera de 2018, assentado em três conceitos: Terracotta, Cut Piece e Soft Fiction, assim chamados em função de seus materiais, cores e técnicas de fabricação. Os tons terrosos, com inspiração nas cerâmicas, bastante presentes nos sofás e cadeiras, imprimindo uma certa ancestralidade às peças; uma ênfase no corte das superfícies, ressaltando ângulos e bordas, sobretudo nas mesas com tampos de pedra; e, finalmente, o vidro, que surge como protagonista nesta coleção, dando origem a mesas sopradas e a tampos inovadores, com um quê de ficção científica.

E quais os planos para o ano que vem? 

Nossos objetivos são audaciosos. Queremos persistir na ideia de criar móveis atemporais e que dialoguem com nossas coleções anteriores, criando uma sensação de unidade. Do ponto de vista estético, queremos propor uma abordagem mais holística, mais ligada a valores como autenticidade, honestidade e, por que não, sacralidade, e não apenas à sinalização de uma tendência. Mas ainda é cedo. O design é um processo. Por ora são só ideias. Temos de ver como os materiais respondem.

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