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De volta aos anos 60

Nesta edição, o melhor da Semana de Design de Milão 2008, que traz de volta a atmosfera leve dos anos rebeldes com um sabor deliciosamente pop

Por Marcelo Lima
Atualização:

Embalada por trilhas amplificadas e aromas exóticos, a temperatura nos locais de exposição é quente e envolvente. Quase ao nível do chão, sofás convidam à aproximação e facilitam a conversa. Difícil resistir à associação: na melhor atmosfera sixtie, Milão acaba de concluir mais uma edição de sua concorrida Semana do Design (16 a 21 de abril). Ponto de encontro obrigatório para conferir os principais lançamentos do setor e que, este ano, além da mostra oficial e do circuito paralelo, incluiu a Eurocucina e o Salão do Banho. Presente na imaginação dos designers - e, ao que parece, também no desejo dos consumidores -, referências aos anos rebeldes aparecem em praticamente todas as coleções. A começar pela reedição do pufe Sacco, móvel ícone da época, reproduzido em todo o mundo (e ainda hoje produzido pela Zanotta), e que, emblematicamente, acaba de completar 40 anos. Em meio à agitação reinante na cidade, ecos de uma abordagem mais livre e despretenciosa do móvel podiam ser percebidos em todos os cantos da capital mundial do design. Às voltas com mais de 300 mil visitantes e 250 eventos - a começar pela mostra oficial, nos pavilhões de Rho-Pero, sede do Salão do Móvel -, a mostra reuniu 2.500 expositores de 140 países em sua 30ª edição internacional (e 47ª nacional). Experimental, o destaque Sofás de formato ampliado e não simétricos. Mesas com tampos múltiplos, esculturas agregadas a poltronas. Do comercial ao alternativo, propostas de contornos experimentais foram destaque entre os lançamentos - um panorama diversificado que procura preservar a funcionalidade de cada objeto, mas nem por isso menospreza seu potencial de representação simbólica. Cores vibrantes Na ordem do dia, a cor ganha papel-chave na articulação dos interiores, não raro em combinações de impacto, reafirmando a individualidade de cada morador. Pouco se falou - ou se viu - de uma tonalidade predominante. A não ser um multicolorido difuso e vibrante, à la Missoni - estilista italiano também revisitado no circuito paralelo. Mesmo o preto, em aberto contraste com o branco, parecia reassumir sua função de cor e não de simples tom neutro. A atmosfera leve e solta de Milão 2008 se manifesta também no desejo de se personalizar cada vez mais o cotidiano: imagens digitalizadas de toda a sorte - e sabor deliciosamente pop - se impõem de forma ostensiva, quase se sobrepondo à decoração, por sobre móveis e paredes. Um repertório sob medida para agradar a um público de idade - ou vocação - jovem. Couro e peles A valorização do detalhe e do fazer manual aparecem explorados com maestria. De variadas latitudes, o artesanato passa a ser observado com mais curiosidade pelos designers, enquanto o couro e as peles - falsos ou verdadeiros - ressurgem com força total sobre os estofados. De preferência cru, substituindo o plástico e acrescentando sensualidade à decoração. Sobretudo em um mobiliário de formato inédito e sem configuração pré-estabelecida, que retoma o espírito de rebeldia da década.

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