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De espiões a espionados

Depois de comprar o sonhado imóvel, casal americano descobre que outros também sondam pela janela

Por Tim McKeough
Atualização:
A estante que ladeia a janela guarda uma coleção de LPs Foto: Bruce Buck/The New York Times

Quando Elspeth Benoit e David Bevan, ambos de 31 anos, alugavam um apartamento em Brooklyn Heights, em Nova York, eles caminhavam por Warren Place, em Cobble Hill, sonhando em morar ali. O residencial para trabalhadores construído em 1870, com um quarteirão de comprimento, tem apartamentos estreitos em ambos os lados de um pátio central ajardinado fechado para carros por grades de ferro.

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“O lugar parecia um charmoso oásis na cidade”, disse a decoradora Elspeth. “Passávamos na frente e ficávamos espionando”, disse Bevan, compositor que na época trabalhava como editor da revista Spin.

No início de 2012, ao descobrir que um dos apartamentos estava à venda, marcaram uma visita com corretor, “quase por brincadeira”. Mas, depois de ver o imóvel, o assunto ficou sério, embora o imóvel tivesse seus problemas. “Era uma série de cômodos escuros e apertados e o pé-direito era baixo”, disse Elspeth. 

Com menos de 4 m de largura interior, a construção de três andares tinha pouco mais de 90 m² – bem maior que o apartamento alugado do casal, de 30 m². E a propriedade tinha um jardim particular e um casebre que podia ser convertido em escritório para Bevan.

O casal comprou o apartamento por US$ 1,3 milhão (cerca de R$ 3,4 milhões) em maio daquele ano, contratando o escritório Ensemble Architecture para a reforma. Para abrir os cômodos e permitir a entrada de luz, os arquitetos demoliram uma escadaria central que ficava enclausurada entre paredes, substituindo-a por uma escadaria aberta com guarda-corpo. Uma claraboia ilumina agora os três andares.

Eles recuperaram espaço removendo o acabamento de gesso e expondo os tijolos da parede e o revestimento original do teto, de madeira. Quando terminaram a reforma de US$ 550 mil (R$ 1,4 milhão), em março, ficaram surpresos com o novo imóvel de dois quartos e dois banheiros que emergiu dos tapumes: a reforma fez o imóvel parecer muito maior e mais iluminado. Dias depois da mudança, Elspeth confirmou que estava grávida. A filha deles, Rhys, nasceu no dia 11 de novembro em Redwood City – Bevan conseguiu um novo emprego e o casal agora divide o tempo entre a Califórnia e Nova York.

O casal reparou que outros sonham em morar em Warren Place. “Descobrimos que é comum encontrar pessoas caminhando pelo jardim e olhando pelas janelas”, disse Elspeth.

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/ Tradução de Augusto Calil

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