De Alagoas a Milão

Conheça o trabalho do designer Rodrigo Ambrosio

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Por Marcelo Lima
Atualização:
As cadeiras e a mesa lateral Jaraguá, também desenhadas para a Allez Foto: Felipe Brasil

Na última edição da DW!, a Semana de Design de São Paulo, encerrada no último domingo, o designer alagoano Rodrigo Ambrosio enfrentou uma rotina intensa. Lançou móveis, coordenou a reedição de peças assinadas pela arquiteta pernambucana Janete Costa, assinou uma instalação no prédio da Bienal e, por fim, coordenou a exposição de uma coleção de tronos e cadeiras, feitos por 12 artistas e artesãos alagoanos. “O design mexe com minhas origens, arrepia a pele, emociona”, resume ele nesta entrevista ao Casa.

Na última edição da DW! SP você atuou tanto como criador, quanto curador. Como você se situa entre as duas atividades?  De fato essa 8ª Semana de Design foi bem fértil, e confesso que me senti bem à vontade atuando nas duas frentes. Lancei cadeiras na Allez, dirigi a reedição de peças da arquiteta Janete Costa para a Vermeil, apresentei a mostra Amostrada no D&D Shopping e, por fim, desenvolvi a instalação Vento Nordeste para o acesso ao lounge da Bienal, a partir de rendas, bordados e cestarias. Ou seja, tratei de design e artesanato, de seus limites e confluências. Temas que me atraem e me estimulam.

A cadeira Turner com assento e encosto de palhinha, para a Allez Foto: Felipe Brasil

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Considera viável que um dia venhamos a assistir artesãos e operários atuando, lado a lado, no chão de fábrica, com a mesma frequência que na Itália? O saber ancestral, as técnicas manuais e os valores culturais são patrimônios intrínsecos dos seres humanos, e me agrada constatar que o mercado está cada vez mais atento a isso. Sim, acredito que este modelo é viável também para nós e muito interessante para todas as partes envolvidas. Recentemente, na Bahia, tive o prazer de conferir de perto esse movimento, dentro da fábrica da Tidelli, durante a criação de uma das minhas peças, o bowl Imperial, peça que desenvolvi para a marca, a partir de corda náutica, trançada à mão.

Como vê os projetos de imersão entre designers e comunidades de artesãos visando a edição conjunta de produtos?  Se efetivamente ocorrer um diálogo, considero válido. O designer tem clareza de mercado, dos novos usos e das necessidades contemporâneas. Já o artesão carrega consigo os saberes ancestrais e a delicadeza insubstituível do feito à mão. Ou seja, trata-se de uma união que, desde que assentada em bases claras e sólidas, tem tudo para dar certo.

O designer alagoano Rodrigo Ambrosio Foto: Felipe Brasil
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