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Da oficina na garagem à produção em grande escala: conheça a designer Ana Neute

Designer revela suas impressões sobre o mercado brasileiro e detalha aspectos de sua evolução profissional

Por Marcelo Lima
Atualização:
O abajur Guarda-Chuva, luminária ícone da designer Ana Neute Foto: Estúdio Ana Neute

Para a jovem designer Ana Neute, produto e projeto são duas realidades bastante distintas. Seus objetos nascem sempre de uma ideia central, mas ela nunca é estática, vai se transformando a partir da construção de cada protótipo. É só a partir do diálogo com os profissionais, no chão de fábrica, que ela começa a definir os detalhes. “As coisas só vão ficando mais claras quando avançamos para a escala real”, admite a designer que nos últimos anos tem dedicado grande atenção ao desenho de luminárias, especialmente depois de se associar à marca Itens, para a qual já desenhou três coleções. “A luz modela o espaço, o que, não por acaso, tem tudo a ver com minha formação como arquiteta. Por outro lado, ela pode arruinar ou dar significado a um ambiente, por meio de contrastes, de claros e escuros”, observa ela, que sente particular fascínio pelo objeto luminoso. Especialmente por sua dupla natureza, funcional e lúdica, como na luminária Guarda-Chuva, primeira peça que Ana produziu utilizando um globo de vidro. “Ela tem um desenho clássico de abajur mas, por meio desse detalhe, do globo apoiado por cima, além de emitir uma luz complementar, tem um toque divertido”, diz. Considerada sua peça mais icônica, não por acaso a Guarda-Chuva foi a sua luminária que mais recebeu acabamentos e a que mais cresceu, sendo oferecida como pendente, lustre e duas versões de arandela. Nesta entrevista exclusiva ao

Casa

, a designer revela suas impressões sobre o mercado brasileiro, aponta suas estratégias de atuação e traça um pequeno painel de sua evolução profissional. 

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Como vê o mercado para jovens designers como você que atuam hoje no Brasil?

Acho interessante o momento que vivemos, pois vejo surgindo coisas mais experimentais, mas de boa qualidade. Sinto que há uma expansão, uma pluralidade de ideias, sistemas e maneiras de trabalhar. Se por um lado temos uma relativa precariedade de recursos fabris, por outro, isso possibilita maior experimentação, porque existem muitos artesãos que trabalham em pequenas escalas e atendem profissionais em busca de demandas menores como, aliás, aconteceu comigo no início da minha carreira. 

Você se graduou em arquitetura e, só depois de formada, resolveu se dedicar ao design de objetos. O que pesou na escolha?

Uma coisa que sempre atraiu minha atenção foi a dinâmica de tempo nas duas disciplinas. No design, o processo de criação, do esboço até o produto final, é muito mais rápido do que na arquitetura. Além disso, como arquiteta, não possuía a possibilidade de experimentar que fazer um protótipo, por exemplo, te oferece. Comecei com uma oficina na casa da minha avó, fazia tudo em pequena escala, contando com o apoio de pequenos produtores. Até o momento em que pude dar uma passo além e comecei a desenhar luminárias exclusivamente para a marca Itens.

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O que a levou a tomar esta decisão?

Fundamentalmente, eu sentia falta de um maior apoio logístico, de uma assessoria maior na criação de novas peças, de melhores estratégias de marketing, de coisas, enfim, que são essenciais para um negócio acontecer. Na Itens, disponho destas condições e posso dedicar toda a minha atenção exclusivamente ao processo de criação de novas peças e a ao atendimento das encomendas. Penso que a união com a marca só me fortaleceu, pois representou uma real somatoria de habilidades e esforços.

A designer Ana Neute Foto: Estúdio Ana Neute
Luminária integrada a mesas de apoio, da coleção Elo Foto: Estúdio Ana Neute
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