Do ponto de vista arquitetônico, o Palácio Litta, no centro de Milão, já é, por si só, uma atração à parte. Para o público brasileiro porém, este ano ele se converteu em endereço obrigatório. Além de hospedar instalações especiais assinadas por Marcio Kogan e pelos Irmãos Campana, o imponente edifício barroco foi palco da mostra brasileira de maior repercussão da temporada: a Made a Milano, fruto da atuação conjunta do designer paulistano Bruno Simões e do crítico de arte Waldick Jatobá. “Não temos dúvidas de que boas oportunidades de exportação para o design brasileiro de qualidade surgirão desse trabalho”, afirmou Simões nesta entrevista exclusiva ao Casa.
Como surgiu a parceria?
Tanto Waldick quanto eu compartilhamos uma imensa paixão pelo móvel brasileiro e nossa intenção sempre foi oferecer uma plataforma adequada de divulgação para o trabalho da atual geração. Também nos interessa incentivar a união entre os designers. Acreditamos que a união de todos pode ajudar a criar um mercado mais forte e um público mais bem informado. Por isso é tão importante para nós equilibrar os aspectos comercial e cultural de nossa atividade.
Como foi a montagem da mostra em Milão?
Internacionalizar a Made sempre esteve nos nossos planos e no fim de 2014 sentimos que era chegado o momento. Desde então, procuramos afinar formato e conteúdo, mas foi só a partir de janeiro, com a oficialização do patrocínio da Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Investimentos (Apex-Brasil), que conseguimos focar nos aspectos práticos da investida, como logística de transporte e escolha de local. A partir daí, começamos a elaborar ações que marcassem a presença brasileira no palácio, como a apresentação da coleção de bancos indígenas, além das instalações especiais. Nossa intenção não era só apresentar produtos, mas sim posicioná-los no contexto criativo brasileiro. Queríamos apresentar aos visitantes um conteúdo digno da Semana de Design e, nesse sentido, contamos com total apoio dos participantes, que desenvolveram peças inéditas em curtíssimo espaço de tempo.
Qual foi a repercussão?
Acredito que não poderia ter sido melhor. A resposta foi surpreendente. Cerca de 20 mil pessoas circularam, com toda atenção, pela exposição. Da abertura ao final, a Made a Milano foi assunto nas conversas privadas e nas mídias sociais, além de termos sido apontados como um dos melhores eventos do circuito “fuorisalone” pela prestigiada revista italiana Domus.