Conheça os ambientes da Mostra Black 2015

Exposição de decoração que acontece na Oca, do Parque do Ibirapuera, até o próximo dia 21, reúne 15 escritórios de todo o Brasil

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Por Marcelo Lima
Atualização:
Vista externa da área de exposição da mostra Black na Oca, no Parque do Ibirapuera. Projeto Prototype Foto: Divulgação

Em sua quarta edição, a Mostra Black, exposição idealizada pela arquiteta Raquel Silveira, que acontece até o dia 21, na Oca, no Parque do Ibirapuera, reafirma sua intenção de se constituir na mostra de arquitetura de interiores mais autoral do País. Condição evidenciada este ano não só por sua locação ilustre, em um edifício projetado por Oscar Niemeyer. Mas, igualmente, por seu formato enxuto: ao todo, foram apenas 15 os escritórios convidados.

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“A nós interessa a criação livre, sem qualquer tipo de intervenção”, declara sua idealizadora. Assim, reunindo nomes consagrados, mas também as novas apostas do mercado, o que a Black almeja, mais do que apresentar soluções de decoração passíveis de serem reproduzidas, é oferecer ao visitante uma clara visão do universo estético de cada participante. Objetivo para o qual eles parecem não poupar esforços. Nem recursos.

“Nossa intenção foi criar um cenário eclético e dramático. Uma miscelânea de estilos”, declaram os baianos Marcelo Borges e Arthur Athayde, dois estreantes na mostra, autores do Espaço de Convivência: um denso living de 60 m², repleto de telas, quadros, esculturas e peles, em um exercício de personalização onde tudo – ou quase – parece permitido.Baseados menos no acúmulo e mais na seleção rigorosa de objetos, dois outros ambientes se exercitam na mesma linguagem: o de Maximiliano Crovato que tomou a década de 1970 como parâmetro para construir uma sala de tonalidades psicodélicas, com adereços nada convencionais ao universo da decoração, mas também o de Osvaldo Tenório, que apresenta um espaço de atmosfera dark e acentuado conteúdo étnico.

“O fato de enfatizar o vazio não faz do meu projeto algo menos luxuoso. Isso para mim é luxo”, dispara outro dos recém-chegados, o arquiteto recifense Ricardo Bello Dias, radicado há mais de duas décadas em Milão. 

Discípulo declarado do mago do minimalismo Piero Lisoni, com quem trabalhou como assistente, Bello Dias compôs uma sala onde o espaço, praticamente desprovido de móveis e acessórios, conduz o olhar do observador diretamente para a singularidade de seus detalhes construtivos. Por exemplo, para um pilar que ele subitamente transformou em tela de projeção. Ou ainda para a textura de cimento que reveste integralmente o ambiente.

Uma linha de composição – também exercitada nos espaços projetados por João Armentano, pelo estúdio Triplex e, em certo sentido, por Camila Klein – que, se por um lado dá margem a uma leitura mais atenta dos elementos em destaque nos diferentes espaços, em especial obras arte e móveis assinados, por outro, exige disciplina redobrada por parte de seus criadores. “Do meu ponto de vista, trabalhar assim é muito mais complexo. Nada pode ser, ou parecer, aleatório”, defende Bello Dias.

Na intersecção das duas concepções de projeto, o coeso ambiente criado por Guilherme Torres e batizado de Terra Estrangeira é digno de nota. Povoado por móveis ícones do design brasileiro da década de 1950, assinados por imigrantes como Jean Gillon, Jorge Zalszupin e Gregori Warchavchik – daí a sugestão do nome –, trata-se de um sala com temperatura de casa. Lado a lado com condições de exposição dignas de a galeria de arte.

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Traçando a ponte entre o Brasil de ontem e o de hoje, com a assinatura do arquiteto, está a mesa de linhas esculturais que domina a cena, sobre a qual formas da natureza parecem brotar de vasos produzidos pela ceramista Kimi Nii. Arrematando a composição, uma foto da arquiteta ítalo-brasileira Lina Bo Bardi desce das paredes e se acomoda confortavelmente no chão, apresentando a modernista em raro momento sorridente. Provavelmente satisfeita, por se sentir tão bem acompanhada.

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