Recém-empossada diretora da Italian Trade Agency (Ita), departamento para promoção de intercâmbios comerciais da embaixada italiana no Brasil, a economista Erica Di Giovancarlo tem no projeto Made in Italy, voltado para a difusão do que a Itália produz de melhor, a sua atual menina dos olhos. Primeira de suas iniciativas, o fórum Tecnargilla Brasil, que acontece na próxima sexta-feira, durante a feira Expo Revestir, pretende apresentar os rumos da indústria cerâmica italiana e mundial. “No futuro, os revestimentos cerâmicos vão ocupar lugar central no aumento da eficiência energética dos edifícios”, afirmou nesta entrevista ao Casa.
Quais propriedades veremos associadas às cerâmicas no século 21 e como elas vão interferir na vida dos consumidores?
As cerâmicas bioativas e autolimpantes já são uma realidade em países como a Itália, prenunciando novos tempos para a construção. As primeiras são produzidas a partir de placas cerâmicas normais, sobre as quais é feito um tratamento superficial que faz com que reajam autonomamente com o ambiente, com efeitos antibacterianos de eficiência comprovada em laboratório. Imagine os benefícios que essa tecnologia pode trazer para ambientes como cozinhas e banheiros. Por outro lado, pense em uma grande fachada revestida com uma cerâmica que praticamente elimina a necessidade de limpeza, pois a superfície hidrorrepelente impede a aderência da sujeira, que vai embora na primeira chuva. Sem falar na tecnologia fotovoltaica, que, apesar de estar ainda em seus primeiros estágios de desenvolvimento, terá lugar garantido nas construções do futuro.
Em que consiste a tecnologia das células fotovoltaicas associadas às placas cerâmicas?
Trata-se de um conceito que alia estética a funcionalidade, ao fazer de um elemento originalmente pensado para embelezar e proteger um protagonista dentro do conceito da autossustentabilidade. Alguns dos modelos já desenvolvidos são compostos por uma base de cerâmica revestida por uma série de camadas: uma encapsulante, outra de material fotovoltaico e, por fim, uma placa de vidro temperado que veda e protege. Como objetivo, captar a energia solar e transformá-la em energia. É importante salientar, porém, que essa tecnologia, assim como a das fachadas ventiladas, só se tornou possível com o desenvolvimento de outro material: as placas cerâmicas ultrafinas, que, extremamente leves, podem ter apenas 3 mm de espessura, mas até 3 m de comprimento.
Como funcionam as fachadas ventiladas?
Elas são consequência natural do desenvolvimento das placas cerâmicas ultrafinas de grande formato. Muito mais leves que o vidro e as rochas, podem ser acopladas a um sistema de ancoragem exclusivo, capaz de proteger melhor os edifícios de agentes atmosféricos e aumentar o isolamento termoacústico. Em uma fachada ventilada, o revestimento é composto por três camadas: a primeira, de lã de vidro, é aplicada na parede; a segunda, nada mais do que uma faixa de ar, fica encapsulada por uma terceira, constituída pelo revestimento cerâmico. Em dias quentes, a corrente de ar que se forma entre a lã de vidro e a cerâmica garante maior dissipação de calor. Nos dias frios, o ar encapsulado limita a dispersão de calor para o exterior do edifício, garantindo maior conforto térmico. Nos dois casos, o sistema propicia uma notável economia de energia, ao exigir menos do sistema de ar-condicionado.