Branco em campo verde

Projeto de Alessandra Pires e Carla Barranco foi pensado para criar contraste com o entorno, em Aldeia da Serra

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Por Marisa V. da Costa
Atualização:

Num condomínio em Aldeia da Serra, em São Paulo, existe uma casa que resume o conceito contemporâneo de arquitetura e de viver. Projetada pelas arquitetas Alessandra Pires e Carla Barranco, do escritório A1, a construção chama a atenção pelas linhas retas, limpas e leves, e pelo contraste do branco com o verde que cerca o lugar. A casa, pensada junto com a proprietária, a nutricionista Thelma Anunciato, reflete o uso que a família (o casal e filho jovem) faz do espaço. "Morávamos num apartamento em São Paulo e queríamos um refúgio de fim-de-semana. Mas gostamos tanto da casa que resolvemos viver aqui", explica Thelma. Ela conta que levou dois meses pesquisando terrenos até encontrar o que procurava. "Foi uma escolha a dedo", diz , referindo-se à área de 2 mil m², com leve declive e vista para uma colina e um lago. Thelma chegou a consultar outro profissional para o projeto, mas a planta não a agradou. "Era uma casa compartimentada e eu queria espaço, liberdade." A partir desse conceito nasceu a proposta de Alessandra e Carla: uma casa que integra e isola ambientes ao mesmo tempo. Cercada de panos de vidro, a construção só tem as paredes necessárias. Circula-se à vontade por todos os espaços, que se abrem e fecham por meio de portas de correr de madeira. "Idealizamos um passeio à la Corbusier; um percurso contínuo que une visualmente todo o conjunto", diz Alessandra. Natureza dentro de casa A compreensão da casa se faz a partir da fachada, dividida em dois blocos: um mais baixo, com garagem e entrada de serviço e que se estende como o lado maior de um L, e outro mais alto, com um eixo central que norteia a construção. "O lado esquerdo desse bloco, em leve diagonal, quebra as linhas retas da casa", explica a arquiteta. E a proposta de trazer a natureza para dentro do imóvel pode ser percebida a partir da porta de entrada: aberta, o visitante vê, em linha reta através dos panos de vidro, a raia, o jardim e a colina. O hall de entrada distribui os dois corpos da construção. O mais alto tem pé-direito duplo. Uma escada de lances livres leva ao escritório, isolado do resto da casa. Alessandra e Carla usaram o fulget no piso do hall e recursos de marcenaria. A madeira surge na caixilharia, na escada, nas portas que fecham os ambientes, no piso de cumaru (assoalho autoclavado de 1,8 cm de espessura x 6,5 cm de largura, R$ 180 o m2 colocado, já com resina, na Madeireira Zanchet) da ala social e no mobiliário funcional, caso do aparador que separa e orienta a circulação. "Como há muito vidro, usamos a madeira para aquecer", diz Carla. À esquerda de quem entra, uma área envidraçada abriga o espaço que a proprietária chama de "spa da alma". Cercado de verde, tem apenas futons (peça de 80 cm x 1,88 m, R$ 540 na Futon Company), tatames e duas poltronas acinzentadas. Em direção à ala social, do lado oposto, um vão "esconde" lavabo e sauna. Mas essa não é a única surpresa: um rebaixo no piso, na divisa com a sala de jantar, cria espaço para refeições íntimas. O local seria só uma extensão da bancada, mas serve de mesa de apoio - e, com futons, tornou-se o ?canto japonês?. Em dias frios, o calor é garantido pela lareira, embutida num pilar. A sala de estar, também com pé-direito duplo, tem mobiliário enxuto e fica a dois passos do home theater, onde os sofás são de tom mais escuro, o piso é de carpete barbante e o teto recebeu iluminação embutida (projeto da Mingrone, preço sob consulta). Avançando pelo L, à direita fica a cozinha com ilha de granito itaúna (R$ 460 o m² na Pedras Amazonas) e cooktop Brastemp de cinco bocas; à esquerda, a sala de jantar, e, entre esses ambientes, painéis de freijó linheiro. Seguindo a idéia de plena circulação, a sala de jantar dá acesso à área de externa por uma pequena passarela de toras de madeira sobre a extensa raia. A integração acontece graças à porta de vidro que leva ao vestiário e à sauna. Na parte mais longa do L está a área íntima. A partir da cozinha, um corredor, à esquerda, conduz à suíte do casal. Já à direita ficam dependências de hóspedes e a escada de acesso ao dormitório do filho. Nesse traçado, o destaque é a luminosidade rosada, obtida pelo efeito da luz que entra pela clarabóia sobre a parede de tom melancia. "É uma resposta à proposta de uma casa aberta para a natureza", resume Carla.

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