Bendita hora da pizza

Alexandre Bacellar conta sua relação com a 'redonda', que vem da infância

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Por Marcelo Lima
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É fato notório que, em sua origem, a pizza - que sempre se apresentou como um disco de massa sobre o qual são assados ingredientes a gosto - é genuinamente italiana. Também não restam dúvidas de que poucos pratos são tão aptos a absorver sabores locais como a famosa "redonda", sobretudo em centros de ascendência italiana, como a cidade de São Paulo. Lugares onde novas versões da iguaria são permanentemente elaboradas, para logo conquistar admiradores. Caso, por exemplo, do gourmet Alexandre Bacellar, um paulistano neto de imigrantes, que desde criança já desfrutava de saboroso contato com a pizza. Uma relação que cedo lhe lançou nos caminhos da experimentação e que, de forma quase espontânea, acabou por motivar uma bem sucedida trajetória profissional. Condição que ele compartilha hoje com os filhos Gabriel e Gustavo - e que, na melhor tradição italiana, espera ver bem viva em seus netos. Vamos comer uma pizza? Foi assim que tudo começou com esse pizzaiolo... "Sabe aquela ?bendita hora? em que bate uma fome depois do cinema?", lembra Alexandre, ex-empresário da área de moda e atual proprie-tário da Bendita Hora. Pizzaria de menções estreladas nas publicações gastronômicas do País (a melhor pizzaria do Brasil, no ano passado, pelo Guia 4 Rodas), distinções que Bacellar tributa não apenas à qualidade de suas receitas - caso da pizza de abobrinha e tomatinho, preparada em versão meio a meio com exclusividade para o Casa& -, mas também à forma particular de recepcionar a clientela. A "turma da pizza" "Ora mais grossa, ora mais fina; receitas, dicas, modos de fazer... Este foi meu laboratório de teste", conta Alexandre, apontando para o forno à lenha em funcionamento no quintal de sua casa, no bairro de Alphaville. Uma espécie de relíquia familiar que hoje assinala o local onde foram assadas - e aprovadas - as receitas que fariam a fama do Bendita Hora. "No começo, a idéia era reunir os amigos e passar horas agradáveis. Com o tempo, o quintal ficou pequeno", recorda Alexandre. Entenda-se por pequeno um espaço sem cobertura, equipado com a mesa de quatro lugares. Mesa correta para acomodar a família, certo, mas não a chamada "turma da pizza" - amigos que acabaram por lapidar, com suas opiniões, o cardápio da futura pizzaria. Em casa, o problema de espaço acabou sendo resolvido pela incorporação de uma área lateral, anexa à sala de jantar, utilizada para a construção da cozinha dedicada à preparação de pizzas. Reforma conduzida pelo próprio empresário, que adora se dedicar à decoração de interiores, principalmente lançando mão de materiais reciclados e de sucata."Para destacar a cozinha, revestida em madeira de demolição (de 20 cm x 2 cm, a partir de R$ 150 o m², no Velhão), optei pelo branco para as paredes da sala de jantar (R$ 149,90 o galão de 18 l do látex PVA Suvinil, no site da C&C)", diz. Menina dos olhos do proprietário, o bar, incorporado a uma das paredes, chama a atenção pelas portas construídas a partir de uma janela antiga. E, claro, pela adega abastecida de promissores rótulos e taças de bom cristal (da marca Rosenthal, R$ 108 cada uma, na Grifes & Design). E quanto à ?turma da pizza?? "Não teve jeito. A Bendita Hora teve de tomar a estrada e virou restaurante", brinca ele, citando a trajetória do negócio que teve início em um sobrado em Santana de Parnaíba e hoje diz respeito a dois endereços, um aberto em Perdizes, outro em Alphaville. Casas que preservam a mesma atmosfera descompromissada do lar dos Bacellar, repleta de móveis vintage e madeiras. "O fundamental é manter a sensação de se estar em casa e cozinhar com carinho. É isso que faz a diferença", diz Alexandre.

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