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Aposta no que tem alma

ANTENA - A italiana Danese, ícone do design dos anos 50, volta às origens com produtos que dão qualidade ao cotidiano

Por Marcelo Lima
Atualização:

Showroom da Danese. Foto: Divulgação Luoto, nas palavras de seu criador, o arquiteto finlandês Sami Rintala, é uma concha metálica, mas com alma de madeira. O móvel ainda propõe - nada mais, nada menos - uma arquitetura para ser vivida dentro da arquitetura. Xarxa e Cau, do catalão Marti Guixé, por sua vez, não ficam atrás: a primeira, na forma de um jogo de almofadas articuladas; a segunda, como um abajur de cúpula grafitada, alimentado por uma lanterna. Em comum, além da novidade e do contexto multicultural de criação, um fabricante que pretende dar o que falar. "Nosso objetivo é dar forma às ideias, transformar conceitos em produtos", define Carlotta de Bevilacqua, a cabeça por trás da nova Danese, empresa ícone do design nos anos 50, por sua habilidade em propor produtos simples, mas capazes de aprimorar a qualidade do cotidiano. "Já era tempo de voltar às origens", acredita Carlotta, que falou à reportagem do Casa& em seu elegante QG milanês, na Via Canova: um palazzo do início do século passado, misto de laboratório e showroom no térreo e de estúdio e escritório no piso superior. "A Danese nasceu para dar uma resposta sistemática às necessidades do consumidor", diz. Fundada por Bruno Danese e Jacqueline Vodoz, a empresa funcionava como produtora de móveis e objetos únicos. Mas, com a inauguração do seu primeiro showroom, na Praça San Fedele, a vocação vanguardista finalmente veio à tona, e a loja, concebida como uma galeria, passou a ser sede de exposições organizadas com a finalidade de explorar "todos os possíveis campos de interação dos artistas no desenho do objeto utilitário". Emblemático, nesse sentido, é o encontro de Bruno Danese com dois artistas gráficos da época, Bruno Munari e Enzo Mari, personagens-chave na transição de uma pequena oficina, com a produção endereçada apenas a uma elite, para a fábrica de móveis e utilitários. "Foi um momento de descoberta", conta Carlotta. Nova gestão A partir de sua aquisição pelo grupo Cassina-Alias, em 1991, a outrora conceitual Danese passou por um período de ostracismo, com a produção restrita ao ambiente do escritório. Dois anos depois, porém, Carlotta de Bevilacqua, arquiteta recém-formada, assumiu o controle acionário da companhia e, desde então, ensaia uma (nova) investida no mercado italiano. "Mais do que propor ou acompanhar tendências de moda, o que faz o sucesso de um produto é sua capacidade de responder às exigências do dia a dia, com simplicidade e inteligência", argumenta ela, diante dos bons números alcançados pela sua gestão - em 2007, ainda em início de crise econômica mundial, o faturamento da empresa cresceu 40%. A Danese dedica atenção aos procedimentos industriais que envolvem o meio ambiente, levando em conta o ciclo de vida de seus produtos. A energia consumida é reduzida continuamente, enquanto os materiais renováveis são prioridade nas linhas. "Reconstruir a qualidade do habitat doméstico, oferecendo produtos capazes de conectar os espaços de lazer e trabalho, é o nosso objetivo", sintetiza Carlotta, apontando a Luoto, peça-síntese da nova fase.

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