A hora e a vez das plantas pendentes

Elas ocupam pouco espaço, mas podem fazer muito por sua decoração. Descubra as que são ideais para sua casa - e como cuidar delas

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Por Marcelo Lima
Atualização:
O botânico Samuel Gonçalves com sua gata na sala de seu apartamento em Belo Horizonte, onde vive em meio a plantas das mais variadas espécies, muitas das quais pendentes Foto: Brendo dos Reis

Quando ela chegou, devia medir uns quinze centímetros. Passados alguns meses porém teve de trocar de vaso. Já havia atingido quase cinco metros e se espalhado por boa parte da estante da sala. É jovem, mas já deu origem a muitas mudas, que se tornaram alvo da disputa de muito dos moradores do prédio onde mora, em Pinheiros. A jiboia se transformou, enfim, na menina dos olhos do designer Paulo Biacchi, que não se cansa de elogiar a performance de sua mascote.

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De fácil manutenção, as plantas suspensas – como a jiboia – se adaptam bem ao cultivo em interiores, bastando, para tanto, que o ambiente seja suficientemente iluminado. Algumas são indicadas para áreas sombreadas, outras preferem ficar à a meia sombra, e há ainda aquelas que se desenvolvem a pleno sol (clique aqui para ver as diferenças). Mas, como qualquer ser vivo, necessitam de cuidados específicos que dependem de cada espécie.

“Confesso que nunca tive ‘dedo verde’ para cuidar de plantas, mas com ela (a jiboia) foi diferente. Comprei em um supermercado e fui aprendendo aos poucos”, conta Biacchi, que hoje cultiva mudas da planta para distribuir para seus vizinhos. As regas, ele explica, se resumem a meio copo de água, a cada três dias. “O crescimento é espantoso. Gosto do caimento, da forma que ela preenche o espaço com volume e cor”.

Samuel envolto em uma jiboia de sua coleção particular Foto: Brendo dos Reis

Como muitos dos novos jardineiros domésticos, Biacchi assume ter aprimorado seus conhecimentos durante os dias vividos em isolamento. A engenheira ambiental e consultora da Galeria Botânica (@_galeriabotanica) Brenda Dias explica que o interesse por jardinagem aumentou muito nos últimos meses. “Penso que, de alguma forma, o contato com a natureza do qual fomos privados, seja por meio de uma viagem, de um passeio ao parque, dos pés descalços sobre a terra, foi, de alguma forma, substituído pelo cultivo de plantas. E as pendentes, por sua exuberância, foram para o topo da lista”, diz. 

Para o biólogo e doutor em botânica Samuel Gonçalves (@umbotaniconoapartamento), dedicação é fundamental. “Não adianta lotar a casa de plantas sem saber como cuidar de cada uma delas”, alerta. “Cultivar plantas é um ato de dedicação a seres que nos presenteiam a todo tempo com uma nova folha, um broto, uma flor. É muito estimulante acompanhar o desenvolvimento delas.” 

Casado, pai de três filhos – e de duas gatas, como faz questão de lembrar – Gonçalves vive com seu marido em um apartamento em Belo Horizonte, circundado por nada menos do que mil espécies de plantas. Muitas delas do tipo pendentes. “O básico, antes de escolher uma, é saber o quanto de luz você dispõe. Depois, não menos importante, quanto tempo você realmente pode dedicar a elas”, explica ele. “No meu caso, passo, no mínimo, uma hora por dia cuidando da minha coleção, mas às vezes posso passar até quatro horas por conta das minhas filhotas verdes”, diz. No caso de plantas suspensas, de acordo com o botânico, é preciso considerar ainda o suporte e o vaso mais adequados, que devem levar em conta o porte de cada espécie. 

O botânico exibindo uma de suas plantas pendentes Foto: Brendo dos Reis

“Os modelos cerâmicos são os mais versáteis. Já as peças de madeira são indicadas apenas para aquelas que exigem menos regas, pois apodrecem com maior facilidade. Quanto ao estilo dos hangers (ou penduradores), eles podem ser escolhidos em função da decoração do ambiente”, explica Rodrigo Castelucio, proprietário do Jardim Terra Molhada, (terramolhada.com), loja especializada em plantas e acessórios para jardinagem. 

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O mais importante na hora de escolher sua planta, como Gonçalves faz questão de frisar, é a quantidade de luz disponível em casa. “Não resolve nada comprar uma planta linda, ter espaço para pendurar, mas abandoná-la em um canto escuro do quarto ou da sala. Ela vai adoecer e, muito provável, morrer”, adverte ele, explicando que espécies suspensas têm lá seus segredos de cultivo. 

“Plantas cultivadas em interiores precisam geralmente de mais umidade, de solo fértil e fibroso, adubado com esterco ou húmus de minhoca. A maioria delas gosta de ter suas folhas borrifadas diariamente pela manhã e, tanto quanto possível, protegidas de ventos fortes”, aconselha. O botânico lembra também que a maioria das folhagens pendentes prefere solos levemente úmidos, e nunca muito ressecados. “Quem não dispõe de muito tempo para preparar e promover a adubação orgânica pode recorrer a adubos líquidos, que são facilmente encontrados em floriculturas e lojas que vendem produtos para jardinagem. Mas é essencial que isso aconteça ao menos uma vez por mês”, diz.

Depois, tudo se resume a observar. “O próprio vegetal indica quando precisa de algum cuidado particular. Fungos podem aparecer, aqui e ali, quando há falta de luminosidade adequada. Folhas murchas ou enroladas podem indicar ausência de umidade”, explica Brenda. Afinal, como sabemos, além de gratificante, cuidar de plantas pode ser até terapêutico. Mas é importante interagir.

O botânico durante os cuidados diários que dedica a suas plantas Foto: Breno dos Reis

AS 10 MAIS 

Jiboia Nome científico: Epipremnum pinnatum Luminosidade: Sol, meia-sombra e interiores, desde que sejam bem iluminados. Regas: De 2 a 3 vezes por semana. Solo deve ser mantido úmido, mas nunca encharcado.

Hera Nome científico: Hedera helix Luminosidade: Desenvolve-se tanto na sombra quanto em áreas de sol pleno. Regas: Deve ser regada duas vezes por semana, mas não tolera encharcamento.

Columeia gloriosa Nome científico: Columnea gloriosa sprague Luminosidade: Áreas de sombra e meia-sombra. Regas: Necessita regas semanais e solos com boa drenagem, mas não encharcados.

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Ripsális Macarrão Nome científico: Rhipsalis baccifera Luminosidade: Ideal para áreas de meia-sombra. Regas: Aprecia solos com boa drenagem, além de duas regas semanais.

Peperômia filodendro Nome científico: Peperomia scandens Luminosidade: Para zonas de meia-sombra ou com luz difusa. Regas: Semanais, mantendo o solo úmido, sem encharcar.

Para ressaltar ainda mais as plantas, as paredes do apartamento receberam cores vibrantes Foto: Brendo dos Reis

Colar-de-rubi Nome científico: Othonna capensis Luminosidade: Apresenta rápido crescimento em áreas de meia-sombra ou de sol pleno. Regas: Deve receber água apenas quando o solo estiver seco.

Trevo Nome científico: Trifolium Luminosidade: Ideal para cultivo ao sol pleno ou à meia-sombra. Regas: Aprecia solos ricos em matéria orgânica, assim como regas semanais.

Columéia Nome científico: Columneia microphylla Luminosidade: Ideal para cultivo à meia-sombra. Regas: Recomenda-se adubar mensalmente, além de três regras por semana.

Lambari Nome científico: Tradescantia zebrina Luminosidade: Indicada para áreas de sombra e meia-sombra. Regas: Aprecia solos com boa drenagem e, ao menos, três regas semanais.

Colar-de- pérolas Nome científico: Senecio rowleyanus Luminosidade: Desenvolve-se bem à meia-sombra, mas nunca pode ter exposição direta à luz do sol.  Regas: Necessita de regas moderadas, mas apenas quando o solo estiver seco. Esta espécie não tolera encharcamento.

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O botânico Samel Gonçalves exibe o comprimento de uma das plantas de sua coleção Foto: Brendo dos Reis
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