Reconhecida marca holandesa de design traz exposição a São Paulo
Diretor do grupo de design de vanguarda Droog Design Suki de Boer reafirma caráter contestador da empresa e diz que intenção é criar conceitos

O diretor da Droog Design, Suki de Boeur Foto: divulgação
Fundada em 1993 pelo designer de produto Gijs Bakker e pelo historiador de arte e atual responsável pela marca, Renny Ramakers, a Droog Design alcançou notoriedade imediata no Salão do Móvel de Milão daquele ano. Tudo graças a uma seleção inusitada de objetos – como um armário formado por gavetas empilhadas unidas por um elástico – em sua maioria feitos com material descartável ou refugos industriais.
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De lá para cá, muito mudou. Mas o espírito contestador da casa permanece intacto. “Somos lembrados muito pelos móveis de nossa primeira fase. Mas é bom que se diga que a Droog não se propõe apenas a produzir design. Queremos gerar conceitos, seja ao desenhar um parafuso ou toda uma cidade”, diz o indonésio Suki De Boer, um dos diretores da marca, que durante a feira Made, na semana passada, trouxe a São Paulo a mostra From Screw to the City, que aborda nesta entrevista ao Casa.
Qual o objetivo da mostra?
Acredito que posicionar a Droog como uma empresa interessada em captar todas as dimensões do projeto, desde um parafuso até toda uma cidade. Dobradiças, porcas, pregos, suportes e outros hardwares que compõe nosso projeto Build Me, de 2015, não são apenas componentes, também agregam valor, caráter e um discurso mais rico a móveis e objetos. Mas não só isso. A mostra traz ainda pregos que reduzem o risco de você martelar o dedo, dobradiças falsas e parafusos que sorriem. Enfim, todo um arsenal à disposição do designer.

Estante da exposição From the screw to the city Foto: divulgação
Como essas considerações alcançam a cidade?
Nossa intenção foi mostrar que pequenos detalhes podem transformar os grandes. No caso, partimos do parafuso para abordar a diversidade urbana. Em 2011, desenvolvemos o projeto Open House, em um subúrbio de Nova York, construindo peças como carrinhos de cachorro-quente capazes de oferecer ao morador a possibilidade de complementar sua renda. Visitamos as pessoas e perguntamos: do que, de fato, você precisa para crescer? Concluímos que, na maioria das vezes, nós designers não temos a menor ideia das necessidades das delas.

Mesa construída com componentes desenhados pelo Droog Foto: divulgação
Qual sua impressão sobre as peças da Made?
Em geral, boa. Me surpreendi apenas com a presença da madeira e do cobre. Depois, confesso que achei a maioria dos produtos excessivamente acabados, como se isso fosse uma prioridade. Uma abordagem mais crua às vezes também produz excelentes resultados.

Gaveteiro com puxadores de silicone Foto: divulgação