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Vista cansada pode ser resolvida com cirurgia em caso de catarata

Dificuldade de enxergar de perto afeta todas as pessoas a partir dos 40 anos

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Por Ludimila Honorato
Atualização:
A presbiopia, conhecida por vista cansada, caracteriza-se pela dificuldade de enxergar de perto, tendo de esticar o braço para focar melhor. Foto: Unsplash/@lordmaui

Você pega um texto para ler e não consegue focar a visão nas letras, estica o braço para enxergar melhor, aperta os olhos para ver se resolve. Se ainda não passou por isso, vai passar. É que a presbiopia, conhecida por vista cansada, é um processo natural do envelhecimento e afeta todas as pessoas, geralmente a partir dos 40 anos.

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A decoradora Cecília Hegg, de 64 anos, começou a ter dificuldade aos 42. Sabia que precisava usar óculos para corrigir o problema, então decidiu comprar o acessório em uma farmácia, sem prescrição médica. Os resultados, claro, não vieram, então ela consultou um oftalmologista, que indicou o grau certo para ser usado.

"Usei óculos por cinco anos, depois usei lente de contato, mas resseca o olho, tem de tirar à noite, tem de lubrificar muito", relata. Com o tempo, naturalmente, ela passou a enxergar cada vez menos, tendo de aumentar o grau das lentes.

Há quatro anos, Cecília descobriu que estava com catarata e, junto com a cirurgia para retirá-la, corrigiu a presbiopia. "Sou decoradora, mexo com espaço, com cor. Eu não sabia que enxergava tão pouco", diz entre risos. "É uma alegria, uma mudança de vida. Fiquei uma pessoa mais feliz."

Uma pesquisa feita pelo Ibope, a pedido da Alcon e com apoio do Conselho Brasileiro de Oftalmologia (CBO), indicou que 34% das 2.002 pessoas entrevistadas, com idade a partir de 16 anos, nunca foi ao oftalmologista. Entre os 28% que declararam ter alguma doença ocular, 41% foram diagnosticados com presbiopia.

O que é presbiopia?

Também conhecida por vista cansada, a presbiopia é uma condição que ocorre devido ao envelhecimento natural do corpo humano e do olho. No mundo, estima-se que mais de um milhão de pessoas tenham o problema, que compromete, progressivamente, a qualidade da visão de perto. Outro sinal é quando se começa a afastar dos olhos algum texto que precisa ser lido, esticando o braço.

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A primeira e mais simples solução para minimizar a vista cansada é usar óculos. Foto: Unsplash/@bbh_singapore

"Ocorre o envelhecimento do cristalino, uma lente natural do olho que, até os 40 anos, cria uma amplitude, muda a curvatura, o poder de grau, que faz a gente enxergar bem de perto e de longe. Com o passar dos anos, ele fica mais fino, perde elasticidade e aí compromete o foco", explica o oftalmologista Ricardo Nosé, da Eye Clinic, em São Paulo.

Essa mudança no cristalino torna-o opaco, formando uma espécie de mancha esbranquiçada no olho, a conhecida catarata. O problema ocular diminui a visão e é responsável por 47,8% dos casos de cegueira no mundo, segundo o Ministério da Saúde, acometendo principalmente a população idosa.

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Nosé fez a cirurgia da Cecília e diz que só foi possível corrigir a presbiopia porque ela tinha catarata. Isso porque, para resolver a vista cansada, é necessário retirar o cristalino e substitui-lo por uma lente intraocular que vai melhorar a visão. No Brasil, essa membrana só pode ser extraída em caso de catarata. Outro critério para realizar a cirurgia é não ter problemas oculares na córnea ou na retina.

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Tratamentos para presbiopia

Antes que o procedimento cirúrgico seja feito, é possível recorrer a outras medidas menos invasivas que podem reduzir o problema. A primeira e mais simples indicação é o uso de óculos apenas para enxergar melhor de perto. "A pessoa nunca vai ter a visão perfeita como era na juventude, mas consegue minimizar o defeito", diz o oftalmologista.

O acessório, porém, nem sempre agrada. "Às vezes, você esquece em casa, anda com ele pendurado, o que é chato esteticamente e não é confortável. Você começa a restringir um monte de coisas. Teve um momento em que eu tinha dois óculos [um para enxergar de perto e outro, de longe]", conta Cecília.

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A segunda opção é a lente de contato, com a qual a pessoa fica a maior parte do tempo e pode dispensar os óculos durante esse período. No caso da vista cansada, é produzida uma lente diferente para cada olho. "Pega o olho dominante [que enxerga melhor] e corrige todo para longe. Pega o não dominante e corrige o grau para perto. Essa mesma técnica pode ser realizada cirurgicamente com o mesmo laser que corrige miopia, astigmatismo e hipermetropia", explica Nosé.

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A terceira alternativa caso as demais não tenham o efeito desejado e a pessoa já tenha algum nível de catarata é a cirurgia. Existem diferentes tipos de lentes que podem ser implantadas no olho, substituindo o cristalino. No caso de Cecília, foi uma trifocal, que corrige a visão para perto, meia distância e para longe.

Há ainda as lentes bifocais, que melhoram a visão de perto e de longe, e as não-focais, que corrigem os dois olhos para longe e a pessoa tem de usar óculos para ver de perto. "Se o paciente tiver comorbidade oftalmológica, como glaucoma, alguma degeneração, se contraindica lentes bifocais ou trifocais. A solução é tirar a catarata e colocar lente para longe e usar óculos para perto", diz o especialista.

Cuidados com os olhos

Uma vez que a presbiopia não pode ser evitada, também não existe uma medida eficaz para retardar o aparecimento do problema. Porém, algumas pessoas que têm miopia e enxergam bem de perto podem demorar um pouco mais de tempo para sentir os efeitos da vista cansada. Já quem tem hipermetropia pode sentir um pouco mais cedo.

Nosé orienta a não usar óculos comprados em farmácias ou bancas de jornal sem prescrição médica. "O grande problema é que não está tratando o grau correto, para o qual deveria ser feito exame oftalmológico. E a qualidade das lentes é muito variável, de baixa qualidade, que não vai dar visão boa de perto", alerta.

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Ele também recomenda a utilização de óculos escuros com proteção contra os raios ultravioletas. Sem essa barreira protetora, a luz do sol incide na retina e pode causar lesões. O ideal é que as pessoas consultem um oftalmologista ao menos uma vez por ano. Caso haja histórico familiar de doença ocular ou já tenha algum problema, recomenda-se a consulta a cada seis meses.

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