Uma campanha recente produzida por médicos da Sociedade de Pediatria do Rio Grande do Sul (SPRS) chamou atenção, inclusive da imprensa internacional, por mostrar bebês sendo amamentados em hambúrgueres, refrigerantes e doces gordurosos. O slogan da campanha traduz o que os desenhos representam: "Seu filho é o que você come" e tem o objetivo de alertar as mães sobre como a má alimentação pode prejudicar seus bebês.
Vale lembrar que não existe uma recomendação formal para a mãe que amamenta deixar de consumir algum alimento nessa fase. Mas, a nutricionista Eveline Duarte, especializada em alimentação durante a gestação e pediátrica, explica que o ideal é ter uma alimentação balanceada, sem excessos e sem álcool durante esse período. "Assim como na gestação, no aleitamento, a mãe precisa manter uma alimentação focada em nutrientes. A composição do leite materno será determinada pela quantidade de ingestão desses nutrientes", justifica.
É um erro pensar que é necessário comer por dois durante a fase de aleitamento, pois não é a quantidade de alimento ingerido que vai determinar o volume do leite produzido. De acordo com Eveline, a única forma de aumentar o volume de leite da mãe é o consumo de água e o bebê sugando corretamente.
A blogueira Juliana Bonadiman, do Inspire Blog, voltado para mãe e filhos, é mãe da Julia, de 3 anos e meio, e do Mateus de 1 ano e 5 meses e segue uma alimentação saudável e equilibrada durante a fase de aleitamento. "Evito alimentos com corantes e conservantes e dou preferência aos orgânicos. Como muitas frutas e vegetais e como peixe, ao menos quatro vezes por semana", conta.
Juliana já tinha uma alimentação saudável. Mas, depois que engravidou passou a investir em alimentos orgânicos, livres de agrotóxicos. "Quando nos tornamos mães e amamentamos, precisamos, mais do que nunca, fazer as escolhas mais sábias possíveis. E a preocupação vai além, porque passei a me conscientizar mais quanto à origem do alimento e a valorizar produtores locais e práticas sustentáveis. Afinal, eu penso em que mundo eu quero ajudar a construir para os meus filhos no futuro e na minha responsabilidade nesse processo", justifica.
A personal gestante, Roberta Gabriel, que tem um filho de seis anos e uma filha de 9 meses também dá uma atenção especial à sua alimentação durante o período de amamentação. "Tenho responsabilidade em consumir alimentos que me deem energia suficiente para meu corpo produzir o leite, trabalhar, malhar e dar conta da minha rotina de mãe", explica. Para isso, Roberta incluiu em seu cardápio alguns itens que estimulam a produção de leite. "Como muito milho e seus derivados, como a canjica. Nas saladas, os brotos de feijão ou alfafa estão sempre presentes. E não abro mão do abacate, que me dá uma energia extra fundamental. Ah, e, claro muita água", revela.
Optar por uma alimentação rica em nutrientes é o ideal para as mães que estão amamentando. Mas, alguns produtos podem causar alergias. Por isso, é importante ficar atento às reações da criança. No caso de Juliana, o filho Mateus apresentou reações alérgicas quando ela consumia leite ou derivados. "Parei de consumir esses alimentos e estou reintroduzindo aos poucos, agora, observando as reações no meu filho", conta. Já, Roberta observou que sua filha tinha alergia a clara de ovo e suspendeu o consumo desse alimento durante a fase de aleitamento.
Fórmulas. Existem muitos casos de mães que não dão tanta atenção à alimentação e preferem incluir fórmulas infantis para complementar a ingestão de nutrientes dos filhos por acharem que o leite é 'fraco'. Um erro, de acordo com a nutricionista. Eveline explica que as fórmulas infantis foram desenvolvidas para suprir necessidades específicas de uma mãe que não pode amamentar. Por isso, não podem ser banalizadas e usadas por qualquer motivo. "São composições diferentes, o leite materno e a fórmula. Esta última tem mais proteínas e mais carboidratos, mais aditivos químicos e, por isso são mais alergênicas, já que contêm leite de vaca".
Para a especialista, o aleitamento é a melhor opção e o melhor alimento para os bebês. Roberta concorda com Eveline: "Os benefícios em saúde para mãe e para o bebê são indiscutíveis. Já no campo afetivo, não há maneira melhor de criar laços de amor com seu filho do que amamentando".
"Há diversos estudos científicos que comprovam os benefícios para a saúde do bebê, tais como: fortalecimento da imunidade, maior desenvolvimento cognitivo, maior independência e segurança emocional na vida adulta, além menor desenvolvimento de intolerâncias e alergias e também menor risco de doenças no adulto, como síndrome metabólica, obesidade, hipertensão", lembra Juliana. "Eu poderia me alongar bastante nesse tema, já que são inúmeros os benefícios comprovados. A mãe também se beneficia com menor incidência de câncer de mama. Mas, para mim, os principais benefícios são subjetivos e vão além desses: o fortalecimento entre o vínculo mãe e filho, o apego entre os dois e as trocas emocionais, que deixam lindas lembrançasde uma fase que passa rápido demais. Agradeço a Deus por esse privilégio", conclui.
Quais as vantagens e a importância do aleitamento?
A nutricionista Eveline Duarte, especializada em alimentação durante a gestação e pediátrica, explica: Para a mãe: * Aumenta os laços afetivos; * Amamentar logo que o bebê nasce diminui o sangramento da mãe após o parto; * Contração uterina - faz o útero voltar mais rápido ao normal; * Diminui o risco de câncer de mama e ovários. Para o bebê: * Alimento completo; * Proteção contra infecções e alergias (1° vacina); * Diminui a possibilidade de obesidade futura; * Bom para a dentição e a fala; * Bom para o desenvolvimento infantil