Tireoide nem sempre é a vilã do ganho de peso; entenda

Glândula produz hormônios que controlam diversas funções do organismo, incluindo o gasto calórico

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Por Ludimila Honorato
Atualização:
Hipotireoidismo e hipertireoidismo são condições tratáveis e que podem levar a um discreto ganho ou perda de peso. Foto: LUM3N/Pixabay

A tireoide é uma glândula localizada na região do pescoço, responsável por diversas funções no organismo, desde batimentos cardíacos e retenção de líquidos até regulação do sono e metabolismo. É verdade que ela tem relação com ganho ou perda de peso, mas é, muitas vezes, injustamente culpada por isso.

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No hipotireoidismo, em que a glândula produz pouca quantidade de hormônios T3 e T4, os sintomas são fadiga, falta de energia, constipação, retenção de líquido e um leve aumento de peso.

Segundo a endocrinologista Tassiane Alvarenga, estudos indicam que esse ganho discreto é de três a quatro quilos e está mais relacionado ao inchaço provocado pelos sinais da condição. Por isso, nem sempre alterações na tireoide são responsáveis pelo ganho ou perda excessiva de peso, apenas por uma pequena parte.

A médica, que participou do encontro Viva Saúde com Drauzio Varella na noite desta terça-feira, 18, em São Paulo, para falar sobre o tema, levantou outro ponto na relação entre tireoide e peso: o uso de hormônios tireoidianos para emagrecer. O consumo dessas substâncias são necessárias apenas quando há déficit de produção e por recomendação de um especialista.

"O T3 presente nas fórmulas aumentaria o metabolismo, o gasto energético e, desta forma, contribuiria para a perda de peso. Porém, se perde massa magra [músculo], existe risco enorme de arritmias cardíacas, fibrilação atrial, osteoporose porque ocorre grande perda de massa óssea. Não se recomenda de forma alguma o uso de hormônio tireoidiano para perda de peso", afirmou Tassiane.

Ela comentou que, como doença, a obesidade precisa ser tratada com medicamentos aprovados pela Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia. "Não somos contra o uso de medicamentos, mas medicamentos que foram submetidos a estudos e que os efeitos benéficos compensam os efeitos colaterais, o que não é o caso do hormônio tireoidiano."

Para emagrecer, a especialista recomenda adotar os cinco pilares da medicina do estilo de vida: se alimentar bem, fazer atividades físicas, cuidar da saúde do sono, controlar o estresse e ter conexões sociais.

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Funcionamento da tireoide

A tireoide é uma fábrica de hormônios que produz o T3 e o T4, que atuam no metabolismo de todas as células do corpo. Eles são produzidos por estímulo de outro hormônio, o TSH, que vem da hipófise, glândula localizada no cérebro.

"Eles [o T3 e T4]controlam desde os batimentos cardíacos, a temperatura corporal, equilíbrio hídrico do corpo. Na presença de excesso ou de falta desses hormônios, nós vamos ter o diagnóstico do hipo ou do hipertireoidismo", explica Tassiane. Essas duas condições repercutem de diferentes formas no organismo, de forma mais leve ou mais grave.

Hipotireoidismo e hipertireoidismo

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Caracterizada pela baixa produção de hormônios tireoidianos, essa condição leva a um quadro que pode ser confundido com depressão. A pessoa fica sem energia, com fadiga e algumas manifestam tristeza. Pode ocorrer, ainda, falta de concentração, irregularidade menstrual e diminuição de libido. A endocrinologista afirma que, na maioria das vezes, a depressão é um sintoma do hipotireoidismo, mas o inverso não ocorre.

Já no hipertireoidismo, há excesso de T3 e T4 com diminuição ou ausência de TSH. Os sintomas envolvem palpitações, taquicardia, arritmias, insônia, flutuação de humor e perda significativa de peso, o que é ruim porque trata-se de perda de músculo. O trânsito intestinal fica mais acelerado, o que pode levar à diarreia.

Causas de alterações na tireoide

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As causas que levam a essas alterações ainda são investigadas. "A principal causa de hipotireoidismo é a tireoidite de Hashimoto, uma doença autoimune. Em determinado momento da vida, ocorre produção, pelo próprio organismo, de anticorpos que vão destruir o tecido tireoidiano", explica Tassiane.

No caso do hipertireoidismo, a principal causa é a doença de Graves, também autoimune, em que o corpo começa a produzir um anticorpo que ativa a tireoide. "Ele se liga na tireoide e começa a haver uma produção desenfreada de hormônios tireoidianos de forma independente do TSH", diz a endocrinologista.

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Os motivos para que essas doenças apareçam são diversos: infecções virais, bacterianas, poluentes do ambiente, genética ou se é um conjunto de fatores, como má alimentação, insônia. "Tudo isso causa alterações, inflamação no organismo e funcionando como gatilhos para isso acontecer", diz a médica.

Tratamento

Tassiane destaca que de 20% a 50% das pessoas que tem problemas na tireoide não controlam bem a função da glândula. "Muitas vezes, é porque elas não foram ensinadas a tomar o medicamento de forma correta, que é tomar em jejum, com água e esperar pelo menos 30 minutos para fazer a refeição, que geralmente é o café da manhã", orienta a médica.

Ela destaca também que o remédio para tireoide não pode ser consumido junto com outro medicamento, pois, caso contrário, o hormônio não será devidamente absorvido e não haverá restauração dos níveis nem melhora.

Assista abaixo ao bate-papo completo sobre tireoide, que ocorreu no Teatro Eva Herz:

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