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Setembro amarelo: para evitar depressão, idoso precisa ser integrado

Psicólogo explica como perceber transtornos mentais na velhice e ajudar pessoas próximas

Por Luiza Pollo
Atualização:
 Foto: Pixabay

Durante todo o mês de setembro, foram realizadas várias ações para abrir o diálogo sobre o suicídio. A ideia do Setembro Amarelo é quebrar o tabu e abrir os olhos para quem precisa de ajuda à nossa volta. Outubro começa neste sábado e, já no primeiro dia, celebra-se o Dia do Idoso. De todas as doenças e transtornos que chegam com frequência nessa etapa da vida, a depressão pode ser um dos mais difíceis de identificar.

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“Vivemos em uma sociedade que prioriza o tempo do relógio. Durante 40, 50 anos de nossas vidas ficamos focados em cumprir metas, até que chega um momento em que não se está mais incluído nesse sistema”, afirma o psicólogo Wadson Arantes Gama. 

Ele explica que, com a velhice, pode vir a sensação de exclusão. Nessa hora, a família precisa estar atenta. “Às vezes, na nossa vida maluca, a gente não escuta. Não vê que o idoso não é mais aquela pessoa que consegue fazer tudo o que fazia antes.” 

O psicólogo alerta que as pessoas mais próximas precisam compreender que o idoso apenas ‘mudou de função’ e não é mais um provedor ou provedora, que cuida da família, mas ainda precisa exercer um papel. A OMS destaca, no Relatório Mundial de Envelhecimento e Saúde, que o ambiente ideal para envelhecer não leva em conta apenas a mobilidade, habitação e trabalho, mas também a manutenção da autonomia e a possibilidade de contribuir com a comunidade. 

Segundo Gama, essa sensação de ‘utilidade’ e o respeito à individualidade de cada um é essencial para o envelhecimento mentalmente saudável. “Uma paciente minha estava muito triste quando se mudou. Ela dizia ‘podiam pelo menos ter trazido as minhas plantinhas’. Já outra, contava que teve que encarar a mudança, mas que ‘pelo menos me deixaram trazer as minhas parafernalhas para costurar’”.

Nessa fase da vida, muitas pessoas começam a refletir sobre os objetivos que alcançaram, mas também sobre as perdas. “Alguns têm a sensação de dever cumprido. Mas, outros, podem entrar em desespero ao pensar que a morte está se aproximando. Tem muitos casos de suicídio nessa fase”, diz o psicólogo. Por isso, é importante que a família não ignore os sinais do transtorno e busque ajuda.

Procurar um profissional é sempre a melhor opção, mas outros canais, como o Centro de Valorização da Vida também podem ajudar. “Antes de tudo, olhe para o idoso e inclua-o no dia a dia. Lembre que ele tem sentimentos e vontades”, aconselha Gama.

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O Centro de Valorização à Vida oferece apoio online, no site http://www.cvv.org.br/, pelo telefone 141, via Skype (acesso pelo site), ou e-mail (mensagem enviada também pelo site). Em todos os canais, o atendimento é feito por voluntários treinados e a conversa é anônima, com sigilo completo sobre tudo que for dito.

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