Saiba o que é pré-eclâmpsia, síndrome hipertensiva na gravidez

O quadro acomete até 8% das gestantes e geralmente surge de forma leve mas, se não acompanhado, pode trazer sérias complicações

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Por Pedro Prata
Atualização:
Pressão arterial deve ser verificada em todas as consultas do pré-natal Foto: Pixabay/@rawpixel

Nina Franco teve uma companheira desagradável durante toda a gestação: a hipertensão arterial. Logo em sua primeira consulta, foi observada uma leve alta na pressão que deveria ser acompanhada mas que ainda não era motivo de alarde. “Eu sempre tive crises de ansiedade nas quais a minha pressão subia muito. Como eu tinha acabado de descobrir a gravidez, achei que fosse normal”, contou a analista ao E+.

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Ela recebeu dosagens leves de medicação mas, conforme os sintomas pioraram, teve de aumentar a dosagem cada vez mais. “Eu estava com sintomas muito fortes: ouvia apitos como se fosse um trem passando, enxergava luzes estranhas, tinha tontura”. Por volta da 35ª semana, foi afastada do trabalho e precisou ser levada ao hospital, onde acabou tendo o parto antecipado em duas semanas.

O que Nina teve foi uma pré-eclâmpsia de grande gravidade. Essa é uma síndrome hipertensiva que acomete entre 4% e 8% de todas as grávidas. Embora acredite-se que ela esteja ligada à formação da placenta, ainda não se sabe exatamente suas causas. O E+ conversou com especialistas para saber como deve ser o acompanhamento das mulheres do grupo de risco e quais são suas consequências caso não seja tratada da forma devida.

O ginecologista e obstetra Élvio Floresti Junior explica que a pré-eclâmpsia é detectada, em média, por volta da 30ª semana, podendo aparecer antes ou depois. “Se esse aumento da pressão é acompanhado de edema (inchaço), algumas alterações renais e eliminação de proteína pela urina, esse conjunto de sintomas vai caracterizar pré-eclâmpsia”, explica. Ela geralmente acontece de forma leve e pode ser tratada com repouso e medicação, que diminuem a pressão.

Nina conta que não teve um acompanhamento médico adequado: “Infelizmente, não tive tanta sorte com obstetra. O meu desmarcava as consultas com bastante frequência. Por isso, acabei passando com vários, pelo menos uns três intercalados, e não consegui ter um acompanhamento legítimo”.

A médica Leila Correa, do Hospital Sírio-Libanês, ressalta a importância de se fazer o pré-natal, acompanhamento médico durante a gravidez, corretamente. “Aconselha-se a medir a pressão da gestante em todas as consultas. Já na primeira, a gente detecta se é mulher com maior risco de desenvolver pré-eclâmpsia e tomamos medidas preventivas”, diz.

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“Se a gestante apresentar sintomas como enxergar pontinhos pretos ou brilhantes, dor de cabeça persistente, ficar sonolenta, apresentar confusão mental, sentir falta de ar e dor na parte superior do abdome, é preciso avisar o médico”, alerta Leila.

A mulher ainda permanece sob observação por algum tempo após o parto, mas normalmente a hipertensão desaparece logo após a retirada da placenta. Entre as mulheres com maior risco de ter pré-eclâmpsia estão: mulheres que já tiveram a síndrome anteriormente em suas versões mais graves; mulheres previamente diabéticas; gestação múltipla (gêmeos, por exemplo); mulheres com doença renal crônica; mulheres com doenças autoimunes; gestantes pela primeira vez; gestantes com casos de pré-eclâmpsia na família; obesidade e mulheres com hipertensão crônica.

Caso a pré-eclâmpsia piore, é preciso internar a mulher. “O risco para a mãe é de desenvolver um quadro mais grave com consequências clínicas. Ela pode ter complicações de coagulação como, por exemplo, hellp síndrome (quadro de hipertensão mais grave) e pode evoluir para uma eclâmpsia, convulsão possível tanto na gestação quanto no pós-parto, que pode levar até ao óbito materno”, explica a médica.

Já para o bebê, os riscos são de restrição do crescimento fetal, baixo peso e maior risco de prematuridade. Nos casos mais graves, pode acontecer o deslocamento da placenta, o que leva o feto à morte. “É raro, mas às vezes é preciso antecipar o parto para preservar a vida do bebê”, diz Élvio.

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Esse foi o caso de Nina. Ela teve que optar por antecipar o parto porque corria o risco de desenvolver eclâmpsia. “Monitoraram para saber se eu poderia ter parto normal porque era algo que eu queria. Só que, como a pressão não baixou, fizeram cesárea. Eles disseram que o processo de parto faz a pressão aumentar ainda mais e poderia ser perigoso”, conta. Élvio diz que fazer cesárea é o mais comum nesses casos, mas não é obrigatório. Essa decisão deve ser feita conjuntamente entre a gestante, o médico e a equipe hospitalar, levando em conta a situação da paciente.

O obstetra Élvio recomenda exercícios físicos no controle da hipertensão arterial: “Hidroginástica, pilates, alongamentos, massagens e drenagem linfática são os mais recomendados. Lembrando que é sempre fundamental consultar um médico antes para ter certeza que a gestante pode praticar atividade física”.

*Estagiário sob supervisão de Hyndara Freitas

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