Pressão alta pode afetar crianças e adolescentes; saiba como prevenir
Ludimila Honorato - O Estado de S.Paulo
26/04/2019, 07:03
Sintomas da hipertensão são inespecíficos e alimentação saudável pode evitar doença
De modo geral, a pressão arterial ideal para um adulto seria em níveis abaixo de 12/8. Foto: soc7/Pixabay
A hipertensão, mais conhecida como pressão alta, é uma doença crônica que se caracteriza pelos níveis elevados da pressão sanguínea nas artérias. A incidência aumenta conforme a idade, sendo que um terço das pessoas entre 30 e 50 anos e dois terços acima dos 65 têm a condição.
Um dos alertas neste Dia Nacional de Combate à Hipertensão Arterial, celebrado nesta sexta-feira, 26, é que crianças e adolescentes também podem ter pressão arterial alta, mas os cuidados desde a infância são essenciais na prevenção.
O cardiologista Jairo Lins Borges, professor do departamento de cardiologia da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp), diz que entre 2% e 4% das crianças no Brasil apresentam hipertensão arterial. Embora causas renais, hereditárias ou congênitas estejam relacionadas ao problema, o diagnóstico na infância e na adolescência tem sido cada vez mais similar ao dos adultos.
"Está relacionada a um estilo de vida que não é saudável devido ao uso abusivo de sal, calorias, gorduras e açúcar de absorção rápida, o que leva ao aumento do peso, do colesterol, dos níveis de açúcar no sangue e predispõe à diabete e à elevação da pressão arterial", diz o médico.
No caso de fatores congênitos, a criança teria de nascer com alguma alteração que tende à doença. Borges cita a coartação da aorta, que se dá pelo estreitamento da aorta e consequente aumento da pressão sanguínea. "É pouco comum e o diagnóstico é razoavelmente fácil porque a pressão sobe muito rápido."
Fazer atividades físicas regularmente previne a ocorrência de pressão alta. Foto: StockSnap/Pixabay
Um estilo de vida mais sedentário, com redução ou nenhuma atividade física, e obesidade infantil são fortes fatores de risco para hipertensão em crianças e adolescentes. Com o passar do tempo, a doença é um dos principais motivos para a ocorrência de acidente vascular cerebral (AVC), enfarte, aneurisma arterial e insuficiência renal e cardíaca.
Segundo o Ministério da Saúde, a prevalência de hipertensão no País passou de 22,6% em 2006 para 24,3% em 2017. No mesmo período, o número de mortes pela doença aumentou de 36.710 para 49.640, sendo as mulheres as mais afetadas.
Sintomas da pressão alta
De modo geral, a hipertensão não apresenta sintomas específicos. Os sinais costumam aparecer quando a pressão sobe muito e pode ocorrer dor de cabeça, mal-estar, tontura, visão embaçada e sangramento nasal. Medir a pressão periodicamente é o jeito mais simples e exato de fazer o diagnóstico.
O cardiologista explica que, em fases mais jovens, observa-se primeiro o aumento da pressão mínima (diastólica). "Isso caracteriza alterações de muitos microvasos do corpo." Esses casos, segundo ele, são mais fáceis de tratar. A partir dos 50 anos, começa a elevar a pressão arterial máxima (sistólica), em que há um comprometimento maior das artérias, que ficam enrijecidas e dificultam a passagem de sangue.
"Se a pessoa começa a ficar hipertensa quando criança ou adulto jovem, mais complicações terá e há uma redução na expectativa de vida. As complicações cardiovasculares são mais propensas nessas pessoas do que naquelas que desenvolveram a hipertensão mais tarde", diz Borges.
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Dia Mundial do Coração
Celebrado em 29 de setembro, o Dia Mundial do Coração conscientiza sobre doenças cardiovasculares e os riscos que apresentam à vida. É fundamental realizar um acompanhamento médico e ter hábitos saudáveis para evitar que tais problemas se manifestem no organismo. No entanto, nosso corpo pode apresentar alguns sintomas quando a saúde não está perfeita. Confira cinco sinais de que o coração não está bem, apontados pelo cardiologista Marcelo Sampaio, membro do comitê científico do Instituto Lado a Lado pela Vida.
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Palpitações
A sensação de que o coração está batendo fora do ritmo pode ser um sinal de arritmia cardíaca. Essas palpitações podem ocorrer naturalmente, durante atividade física ou serem desencadeadas pelo estresse. Nos casos mais graves, ocorre até mesmo quando a pessoa estiver sentada ou deitada. Caso se torne recorrente, é importante procurar ajuda médica.
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Desconforto ou dor no peito
"Dor ou sensação de aperto e desconforto no peito são sintomas clássicos de ataques cardíacos, mas não necessariamente indicam este problema", esclarece o especialista, reforçando a importância de investigar qualquer sinal do corpo. A dor de uma isquemia cardíaca, por exemplo, costuma ser localizada à esquerda e é descrita como uma "pressão" no peito. No caso de mulheres, pode se assemelhar a uma queimação e se estender para o pescoço e mandíbula.
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Falta de fôlego
A fadiga depois de uma esforço simples é completamente comum, principalmente em pessoas com tendência ao sedentarismo. No entanto, Sampaio explica que é importante distinguir esse cansaço e averiguar se é algo recorrente. "Caso trate-se de dificuldade para respirar ou falta de fôlego, pode ser um sinal de insuficiência cardíaca", diz.
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Tontura ou desmaio
Queda súbita da pressão pode causar tonturas e desmaios, já que o fluxo de sangue no cérebro fica insuficiente. Em casos mais graves, tais sintomas são carcaterísticos de problemas cardíacos, como o estreitamento da válvula aórtica, arritmias e cardiomegalia (coração grande).
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Dor nas pernas
Muitas vezes, as dores nas pernas indicam problemas nos vasos sanguíneos. Além da dor intensa, os dedos dos pés vão ficando com pouco oxigênio e nutrientes, tornando-se rapidamente frios e azulados. Nestes casos, o especialista reforça o atendimento médico imediato para evitar o risco de enfarte ou de AVC.
Foto: Unsplash / @rawpixel
Pressão arterial ideal
O cardiologista da Unifesp explica que existem diferenças entre os documentos que orientam sobre o diagnóstico da hipertensão. No Brasil e na Europa, uma pessoa é considerada hipertensa quando seus níveis de pressão arterial alcançam ou ultrapassam 140/90 mmHg (milímetros de mercúrio), popularmente conhecido como 14/9.
No entanto, quando a pressão sistólica está entre 120 e 139 ou a diastólica entre 80 e 89, já é uma condição definida de pré-hipertensão. Nesse cenário, o risco de se tornar hipertenso mais rápido é maior e as chances de enfarte ou derrame aumentam. De modo geral, a pressão arterial ideal para o adulto seria em níveis abaixo de 12/8.
Na infância, a medida leva em consideração índices que são mais frequentes em crianças normais com determinado nível de altura para a idade. "O pediatra está preparado para fazer essa avaliação de modo simples e preciso. Além disso, a medida de pressão arterial deve ser obtida com aparelhos de pressão com braçadeira apropriada para o calibre do braço da criança", destaca Borges.
De modo prático, pode-se dizer que uma pressão a partir de 103/63 mmHg em meninos com idade de cinco anos de idade, de 109/72 mmHg em meninas com dez anos e igual ou maior que 120/80 mmHg dos 13 em diante, em ambos os sexos, já levam a uma forte suspeita de hipertensão.
VEJA TAMBÉM: Dez fatos que a maioria das pessoas não sabe sobre o colesterol
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Dez fatos que a maioria das pessoas não sabe sobre o colesterol
Segundo estimativas do Instituto do Coração do Hospital das Clínicas de São Paulo, cerca de 360 mil brasileiros que têm colesterol nem imaginam que fazem parte desse grupo. Descubra dez fatos sobre a condição.
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O colesterol tem um papel importante no nosso organismo
“Essa substância é sempre encarada como um problema, mas essa fama nem sempre é justa. Ela também faz coisas boas para o corpo e a lista não é pequena: forma a parede das células, é matéria-prima para hormônios sexuais, participa da formação da vitamina D, faz parte da capa dos neurônios e colabora na digestão, entre outras coisas”, explica o cardiologista Dante Senra.
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Existem versões boas e ruins
O LDL, sigla derivada da expressão em inglês ‘low density lipoproteins’ (lipoproteínas de baixa densidade, em português), é o vilão da história. Ele funciona como um veículo para carregar o colesterol do fígado para o resto do corpo, mas costuma deixar parte dessa carga caída nos vasos, favorecendo a formação das placas que desencadeiam problemas. Já o HDL, ‘high density lipoproteins’ ou lipoproteínas de alta densidade, faz o trabalho contrário, recolhendo a gordura acumulada nas artérias, o que fez com que ele ganhasse o apelido de bom colesterol.
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O colesterol alto tem um importante fator genético
Segundo estimativas do Instituto do Coração do Hospital das Clínicas de São Paulo, 360 mil brasileiros que têm essa condição nem imaginam que fazem parte desse grupo. Isso pode acarretar em um risco até 30% maior de ser pego de surpresa por um infarto, inclusive antes dos 40 anos.
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Não são apenas as pessoas que estão acima do peso que podem ter LDL alto
“De fato o problema é mais comum em quem está com quilos a mais, mas, como essa questão está muito ligada a fatores genéticos, mesmo quem está em dia com a balança pode apresentar níveis altos dessa substância no sangue” explica Senra.
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70% do colesterol é fabricado pelo corpo
Como ele participa de ações importantes, a maior parte da substância é gerada pelo organismo para não haver risco de ficarmos sem estoque. Por isso, mesmo se seguirmos uma alimentação bem rigorosa, só conseguiremos reduzir de 20 a 25% do seu nível.
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Saber como andam as próprias taxas de colesterol é fundamental
Segundo um levantamento recente da Sociedade Brasileira de Cardiologia, 67% dos brasileiros não têm ideia de como estão os seus níveis de colesterol no sangue. Saber essas taxas é uma das primeiras armas contra os estragos que o excesso dessa substância pode causar.
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Crianças também podem ter colesterol alto
Muitas vezes esse quadro tem início ainda na infância. Por essa razão, é importante dosar os níveis desde cedo, especialmente se houver uma questão genética.
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A atividade física também tem influência sobre o colesterol
Suar a camisa é a única forma realmente eficaz de elevar os níveis de HDL, o colesterol bom, que faz uma verdadeira faxina nos vasos sanguíneos, retirando os excessos de gordura no sangue.
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O açúcar deve ser consumido com moderação
Indiretamente, essa substância também leva o organismo a formar mais placas perigosas nos vasos sanguíneos. Para evitar os problemas causados pelo mau colesterol, é importante se atentar à quantidade de açúcar consumida.
Foto: Unsplash @joannakosinska
Tratamento e prevenção de pressão alta
O estilo de vida, geralmente, determina se a pessoa tem tendência a desenvolver hipertensão ou não. A prática regular de atividade física, como caminhada e natação, o abandono do tabagismo e um sono de qualidade, por mais de sete horas, são aliados no tratamento e na prevenção da pressão alta. No caso da população adulta e idosa, o uso regular e continuado de medicamentos para baixar a pressão arterial também é uma medida importante para controlar a doença.
Os hábitos alimentares também têm parte fundamental nesse processo. Patrícia Cavalcante, nutróloga do Espaço Volpi, diz que há alimentos que aumentam a pressão arterial e outros que ajudam a mantê-la ou reduzi-la.
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Frutas, vegetais e benefícios para a saúde
Frutas e vegetais fazem bem para a saúde, mas de 60% a 87% da população mundial consome menos do que é recomendado pela Organização Mundial da Saúde (OMS), que seriam 400g ou cinco porções por dia. Para facilitar no dia a dia, o Global Phytonutrient Report, desenvolvido pela Nutrilite, indica seguir cinco cores desses alimentos ricos em fitonutrientes, substâncias que diminuem o risco de desenvolver doenças crônicas.
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2. Vermelho
Tomates, melancia e toranja ajudam com a saúde do coração, do estômago, pulmão e próstata. Já as framboesas e os morangos também contribuem para a saúde celular.
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5. Amarelo/laranja
Cenouras, bananas, abóbora, laranja, limão amarelo, tangerina e mamão abraçam uma gama de benefícios para a saúde: visão, crescimento e desenvolvimento do corpo, sistema digestivo, cérebro, coração, imunidade, ossos e articulações.
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Secos ou congelados
Outra opção que pode facilitar no dia a dia é o consumo de frutas congeladas ou secas no lugar das frescas, que mantêm os benefícios dos fitonutrientes.
Foto: Engin_Akyurt/Pixabay
"Uma dieta que costuma ser rica em potássio, magnésio, fibras e com quantidade menor de sódio tem potencial para controlar a pressão de muitas pessoas sem necessidade de medicamento", afirma a especialista. Ela diz que a dieta DASH, sigla em inglês para Abordagens Dietéticas para Parar Hipertensão, está bem estabelecida para controle da pressão arterial.
"[A dieta] enfatiza o consumo de fontes de proteína com baixo teor de gordura, aumento de grãos integrais, frutas e vegetais ao longo do dia", explica. A nutróloga orienta que, ao montar o prato da refeição, 50% dele tem de ser composto por vegetais, que fornecem poucas calorias, têm fibras e pouco sódio.
Sal e pressão alta
Quando se fala em reduzir o consumo de sal, Patrícia afirma que cada organismo reage de um jeito diferente ao alimento. "Algumas pessoas conseguem secretar tudo pela urina. Tem de avaliar de forma individual", explica. Mas o sódio não é o único vilão da história.
A especialista menciona também os carboidratos refinados, como farinha e arroz brancos, macarrão e massas não integrais. Esses alimentos elevam a glicose no sangue, e consequentemente a insulina, e reduzem os vasodilatadores, além de aumentar a retenção de sódio no organismo.
Alimentos que aumentam a pressão arterial
Alimentos industrializados, que geralmente têm alto teor de sódio e gorduras, devem ser evitados. Colocar pouco sal na comida também é uma recomendação básica para prevenir hipertensão. O consumo de álcool de forma crônica e de cafeína também podem elevar a pressão arterial. Neste último caso, o prejuízo é relativo, mas sabe-se que o café, por exemplo, aumenta a pressão temporariamente.
Alimentos que previnem a pressão alta
Alimentos com flavonoides, como os vermelhos, ajudam na liberação de vasodilatadores. Foto: PublicDomainPictures/Pixabay
Os alimentos naturais e integrais são os mais indicados para prevenir a pressão alta. Frutas vermelhas (morango, cereja, framboesa) e chocolate com 60% de cacau ou mais são recomendáveis porque possuem flavonoides que dilatam os vasos sanguíneos.
Vegetais e folhas verdes, como rúcula, couve e espinafre também são fortes aliados. A beterraba, seja em suco ou na salada, é boa porque libera vasodilatadores. O consumo de potássio, que ajuda na eliminação do sódio, favorece a pressão arterial e pode ser encontrado na banana, damasco e abacate. Aveia e iogurtes naturais também podem ser inseridos na dieta.