Pielonefrite é infecção urinária grave e tem cura; saiba prevenir

Samara Felippo e Ludmilla foram diagnosticadas com a condição; médico explica causas, sintomas e tratamento

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Por Ludimila Honorato
Atualização:
Pielonefrite é uma infecção causada por bactérias que se alojam nos rins. Foto: Unsplash/@averey

A atriz Samara Felippo, em janeiro de 2020, e a cantora Ludmilla, em maio, contaram que foram diagnosticadas com pielonefrite, um tipo de infecção urinária provocada por bactérias que se alojam nos rins. A funkeira sentiu fortes dores abdominais e foi encaminhada para o hospital, no Rio de Janeiro. Já a atriz da Globo atribuiu o quadro a maus cuidados que tinha com ela mesma e alertou os seguidores do Instagram a tomarem mais precaução com a saúde. "Uma das principais causas é a falta de beber água. Não bebo porque tenho preguiça de fazer xixi, porque meu estômago fica cheio. Bebam muita água. Isso não é besteira", disse ela.

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O nefrologista Mario Ernesto Rodrigues explica que existem dois tipos de infecção urinária: a baixa, que provoca cistite quando as bactérias ficam na bexiga, e a alta, chamada de pielonefrite. A primeira é muito comum e fácil de tratar, mas a segunda é uma complicação que, na maioria dos casos, exige internação para fazer o tratamento.

Samara disse que ficou três dias internada e publicou um story na rede social em que aparece recebendo medicamento pela veia. Agora, ela segue com as medidas de cautela em casa: tomando antibiótico e muita água. Já no caso mais recente de Ludmilla, a asssessoria da cantora informa que "ela está com pus nos órgãos excretores e com muita dor", está em observação e sem previsão de alta.

As mulheres são mais propensas a terem infecção urinária porque a uretra está mais próxima do períneo e região anal, que é de onde vem a maioria das bactérias que causam a inflamação. Esses micro-organismos entram pelo canal urinário e se instalam na bexiga ou nos rins. Por isso, cuidados com a higiene é uma das medidas que podem prevenir cistite ou pielonefrite.

"Se tiver outro fator associado, como cálculo urinário, pedra no rim, ou se tiver provocando obstrução [do canal urinário], é mais fácil ter infecção complicada", alerta o nefrologista, que émembro do Comitê de Diálise Peritoneal da Sociedade Brasileira de Nefrologia (SBN).

Pessoas com doenças que baixam a imunidade também são mais suscetíveis a ter infecções urinárias. Nos homens, apenas com o passar do tempo é que eles ficam mais vulneráveis devido ao aumento da próstata e obstrução do canal urinário.

Assista abaixo ao vídeo de Ludmilla deitada numa maca do hospital e de mãos dadas com sua mulher, a bailarina Brunna Gonçalves:

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Assista abaixo ao vídeo em que Samara Felippo comenta sobre a pielonefrite:

Causas da pielonefrite

São as bactérias que causam infecção urinária e alguns hábitos podem contribuir para que elas se proliferem, tanto dentro quanto fora do corpo — com risco de entrar pela uretra. "O primeiro fator importante é que bactéria vem de fora para dentro. Tudo que fizermos para lavar o trato urinário de dentro para fora ajuda. Então, tomar bastante água e urinar o maior número de vezes possível, mantendo a bexiga sempre vazia", indica Rodrigues.

O médico explica que as bactérias se multiplicam muito rápido e quanto mais tempo elas passarem dentro do organismo, mais intensa será essa reprodução. Por isso, o que Samara Felippo disse sobre "não segurar o xixi" faz sentido, porque quanto mais se urina, mais os micro-organismos indesejáveis serão eliminados.

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Prevenção da infecção urinária

Rodrigues também recomenda uma higiene simples na região, com sabonete, água e secar com toalha normalmente. "Nada de sabonete antisséptico", ressalta. Ele lembra que, na mulher, o movimento de limpeza na região anal deve ser sempre de frente para trás a fim de evitar que bactérias entrem em contato com a uretra e canal vaginal. O médico também orienta evitar banhos de assento e uso de bidês.

Outra recomendação, especificamente para mulheres com vida sexual ativa, é urinar na primeira hora após a relação sexual. O nefrologista conta que, antigamente, falava-se em cistite da lua de mel, que era o diagnóstico da infecção logo após a mulher voltar do período comemorativo. "O trauma mecânico da relação [sexual] favorece a penetração de bactérias da uretra."

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Sintomas da cistite e pielonefrite

No caso da infecção mais simples, a pessoa vai sentir vontade de urinar a todo momento. Ela sente que vai eliminar um grande volume, mas, na hora, sai pouco. Esse ato é acompanhado de ardência e pode haver, ainda, dor acima da bexiga ou nenhum sintoma.

Já no quadro mais grave, é possível ocorrer febre, calafrios e dor na lombar acima dos rins, explica Rodrigues. Samara disse que começou a sentir uma cólica, mas não se preocupou porque estava no período menstrual. No dia seguinte, ela acordou com os sintomas clássicos mencionados pelo médico.

Caso a pessoa não se dê conta dos sinais da infecção ou não trate adequadamente, a condição pode se agravar e levar à bacteremia, que é a presença de bactérias no sangue. Como o sangue é filtrado nos rins e tem muita pressão na artéria renal, é mais fácil para esses micro-organismos se disseminarem na corrente sanguínea.

Diagnóstico de pielonefrite

Para determinar a infecção urinária, basta fazer um exame simples de urina, que é coletada e posta em cultura para verificar se há crescimento de bactérias. Depois de identificar o tipo de bactéria, também é possível fazer um antibiograma, que vai colocá-la em contato com diferentes tipos de antibióticos para definir qual será mais efetivo para o tratamento.

Tratamento de pielonefrite

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A infecção urinária é aguda, então basta tratar adequadamente que será curada. O tratamento é feito, basicamente, com antibióticos que vão matar as bactérias e impedir a proliferação. As outras medidas de prevenção também são recomendadas para que não haja retorno do problema.

Se a pessoa estiver em um quadro de pielonefrite muito grave, em que não é possível esperar o resultado do exame de cultura (que leva até três dias), pode-se já começar com o tratamento usando um antibiótico mais comum. Depois, se for o caso, corrige para outro mais específico.

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