O que acontece se eu cortar o açúcar da dieta?

Dispensável para o funcionamento do organismo, ingrediente pode ser substituído por outros carboidratos

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Por Maria Eduarda Chagas
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Foi por uma promessa que a mineira Lareina Ostrowska, de 27 anos, parou de comer doces, em dezembro do ano passado. Viciada em leite condensado, Lareina não dispensava uma boa sobremesa a cada refeição. Após ser internada por causa de uma doença infecciosa - que nada tinha a ver com o vício - decidiu: se não precisasse operar, ia cortar o açúcar da dieta por um ano. E assim foi.   Há 10 meses, Lareina não come açúcar. "Hoje, não pretendo voltar a comer doces", conta. Mas para chegar até esse estágio, não foi fácil. "Até o terceiro mês, sofri muito. Foi muito, muito difícil", diz a estudante, que chegava a cheirar as sobremesas para ver se diminuía a vontade. 

De acordo com Airton Golbert, membro da Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia (SBEM), é esperado que a pessoa sinta saudade quando corta o açúcar da dieta. "Desde criança, a gente é indevidamente gratificado com coisas doces. Mães, avós dão doce para as crianças", diz. Além disso, a ingestão de açúcar favorece a liberação de serotonina, neurotransmissor associado ao prazer, segundo Durval Ribas Filho, médico nutrólogo e presidente da Associação Brasileira de Nutrologia (ABRAN).

Com alto índice glicêmico, açúcar faz com que o pâncreas libere rapidamente insulina Foto: Unsplash/Pixabay

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A falta do açúcar é, então, mais emocional do que orgânica. Especialistas afirmam que açúcar refinado é totalmente dispensável para o organismo. Aliás, o ingrediente em excesso pode ser prejudicial. A Organização Mundial da Saúde recomenda o consumo diário de apenas 25 gramas do ingrediente, o equivalente a seis colheres de chá.

Segundo Ribas Filho, o abuso de açúcar favorece a liberação de radicais livres, o que não é favorável. Além disso, o açúcar gera triglicérides - um tipo de gordura - no sangue, o que leva a aumento de peso, de acordo com Paula Cristina Augusto da Costa, nutricionista do Centro de Diabetes da Universidade Federal de São Paulo (UNIFESP). Por isso, hoje Lareina diz ter notado uma diminuição nas celulites e melhora em sua pele, ainda que, já magra, não tenha perdido peso.

Vilão? O maior problema de consumir o ingrediente mais do que o necessário é, justamente, engordar."A relação direta do açúcar com outras doenças é o excesso de peso. O câncer está associado com excesso de peso, a diabetes. Se a pessoa consome açúcar e o peso está dentro do normal, não aumenta o risco de desenvolver esses problemas", acrescenta Paula.No entanto, a nutricionista destaca que há um fator genético envolvido.

Antônio Carlos Lerário, endocrinologista da Sociedade Brasileira de Diabetes, reforça que o excesso de açúcar, por si só, não é o suficiente para uma pessoa desenvolver diabetes. "O que causa a diabetes é ter uma predisposição genética e engordar", esclarece Lerário. Por isso, é importante que quem tenha histórico da doença na família controle o peso.

Ainda que o açúcar seja desnecessário, os carboidratos são fundamentais, até para quem é diabético, já que são a principal fonte de energia do organismo. Especialistas recomendam, então, que o açúcar seja substituído, no dia a dia, por outros carboidratos com índice glicêmico mais baixo, como batata-doce ou arroz integral.

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Um docinho de vez em quando não faz mal a ninguém, mas eliminá-lo da dieta pode ser uma boa ideia, ainda mais se a pessoa optar por uma fruta, muito mais nutritiva. O início pode ser difícil, mas, a longo prazo, o corpo agradece.  

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