Mulheres buscam alternativas à pílula como método contraceptivo para evitar efeitos colaterais

Apesar de o anticoncepcional via oral ser muito popular, há muitas reclamações sobre o excesso de mudanças no corpo

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Por Anita Efraim
Atualização:
Algumas mulheres tem de usar a pílula como tratamento Foto: Estadão

A pílula é um dos anticoncepcionais mais usado pelas mulheres que querem ter relações sexuais sem engravidar. Em pesquisa realizada pelo E+ com 372 mulheres, 66,4% optam por um método hormonal e, delas, 198 usam pílula. Apesar disso, é possível notar uma mudança de comportamento das mulheres: muitas não gostam do anticoncepcional via oral, outras preferem não ter nenhum tipo de hormônio no corpo. 

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Entre as entrevistadas que não utilizam nenhum método contraceptivo, 125 mulheres, 77,6% já usaram. A maioria usava pílula e o motivos mais frequentes para terem deixado de lado foram as mudanças provocadas no corpo pelo anticoncepcional. 

Mas por que se criou tanta resistência em relação à pílula? De acordo com a ginecologista Regina Ares um dos motivos é o fato de o anticoncepcional via oral ter duas passagens pelo fígado, o que causa mais efeitos colaterais. Métodos como adesivo, DIU Mirena, anel vaginal e injeção passam pelo corpo apenas uma vez. 

A médica explica, no entanto, que cada mulher tem um efeito diferente com o contraceptivo via oral. “Nem todo mundo que toma pílula tem os mesmos efeitos. Achar o ideal é tentativa e erro, a paciente tem de experimentar o método por pelo menos quatro meses. O método vai sendo trocado conforme os efeitos colaterais”, explica. 

Jurandir Passos, ginecologista do laboratório Alta, relata que o mais incomoda suas pacientes é o inchaço, dores de cabeça que algumas mulheres têm com anticoncepcional e o escape menstrual. 

Na opinião de Regina, a pílula ficou ‘manchada’ especialmente pela divulgação de casos de trombose gerados pelo anticoncepcional. “A pílula é uma faca de dois gumes, mas é um método eficaz que ajuda a prevenir o câncer de mama, de ovário, tratar ovário policistico”, lista, apesar dos efeitos colaterais. Regina ainda lembra que, para que a pílula seja 100% efetiva como método contraceptivo é preciso tomá-la sempre no mesmo horário. 

Juliana Ventura teve de parar de usar pílula não porque queria, mas por questões de saúde. “Usei por um ano quando era mais nova. Pedi para o meu ginecologista como anticoncepcional, não como tratamento”, relembra. Ela teve uma boa experiência, até sofrer uma embolia pulmonar. “Nunca soube o que causou. Há hipóteses, mas não dá para saber se foi a pílula. 

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Não é só a pílula que Juliana não pode usar. Qualquer método hormonal é fator de risco. “Quando falo que não uso e não posso usar [anticoncepcional], as pessoas ficam espantadas. Mas, principalmente no meu círculo, estou percebendo uma mudança de comportamento das pessoas, tentando procurar outros métodos e percebendo ‘problemas’ com a pílula”, opina. 

Para Jurandir, um dos motivos pelos quais as mulheres mais querem trocar a pílula por outro método anticoncepcional é a pratificadade. “Quanto menos ela tiver que se preocupar com a utilização, maior é a aceitação”, aponta. “Como a pílula tem o compromisso da paciente tomar e não esquecer, elas procuram métodos que facilitem a vida.” 

O DIU, dispositivo intrauterino, por exemplo, é colocado uma vez e fica cinco anos na mulher. O anel vaginal deve ser trocado uma vez por mês e a injeção pode ser até trimestral.  Bruna Romero optou por parar de tomar pílula para por DIU Mirena, ou seja, o que tem hormônio. “Decidi trocar porque ouvi e pesquisei sobre a pílula e percebi que não queria aquela quantidade de hormônio no meu corpo”, explica. A facilidade de não ter de se preocupar com a gravidez pelos próximos cinco anos, para ela, é uma das grandes vantagens. 

Ela sentiu mudanças na pele, para pior, mas também nota que desinchou. Além disso, para Bruna, não menstruar é uma vantagem. 

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Regina Ares avalia que nem toda paciente sofre efeitos colaterais, como inchaço e, muitas vezes, a pele melhora ao tomar pílula. “Quando ela interrompe ela lembra de todos os sintomas que ela não tinha mais”, como cólicas e TPM.

Pílula como tratamento. Apesar de haver uma tendência das mulheres optarem por outros métodos, o anticoncepcional via oral funciona, além de contraceptivo, como tratamento para certas doenças. A pílula é indicada para quem sofre de ovário policístico ou endometriose e tem TPM muito forte, pois a pílula diminui as cólicas e evita que a mulher ovule.

E quem não quer hormônio nenhum? Há algumas opções de métodos não hormonais, entre eles o DIU de cobre, o diafragma, um método de barreira, e as camisinhas, tanto masculina quanto feminina. “São bons métodos desde que a pessoa saiba usar”, diz Regina sobre o preservativo. 

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“Meu medo é as pacientes deixarem de usar métodos hormonais e, se a camisinha estourar, tomar um monte de pílula do dia seguinte, é uma troca desonesta”, avalia a ginecologista. “Ela não fica livre do risco de gravidez e ainda tem os efeitos da pílula.”

Jurandir ressalta a importância do preservativo independentemente de qualquer métodos, seja hormonal ou não: “Apesar de tudo, ainda tem um papel bem importante quando de trata das doenças sexualmente transmissíveis”. 

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