Medicamentos previnem riscos cardiovasculares enquanto tratam diabete
Ludimila Honorato - O Estado de S.Paulo
22/11/2018, 07:03
Doença cardíaca é a principal causa de morte entre diabéticos
Diabete tipo 2 representa 90% dos casos da doença no Brasil. Foto: alex80/Pixabay
Doenças cardiovasculares são a principal causa de morte entre diabéticos, segundo pesquisas e especialistas. Para evitar algum evento cardíaco, como enfarte ou acidente vascular cerebral (AVC), e otimizar o tratamento, algumas medicações que controlam a diabete também reduzem riscos macrovasculares.
Um estudo recente chamado REWIND analisou os efeitos do composto dulaglutida, medicamento injetável que trata diabete tipo 2. Disponível no Brasil desde 2016, o remédio tem efeito comprovado para controle glicêmico, mas só agora foi atestado que ele reduz riscos cardiovasculares em adultos.
Pacientes com diabete de 24 países, incluindo o Brasil, participaram do estudo, no qual 31% dos participantes já tinham alguma doença cardiovascular estabelecida. A maioria das 9.901 pessoas analisadas tinha apenas fatores de risco, como histórico de hipertensão, insuficiência renal ou eram fumantes com 60 anos de idade.
"É uma nova era no tratamento da diabete conseguir prevenir complicações macrovasculares", afirma o endocrinologista João Eduardo Nunes Salles, vice-presidente da Sociedade Brasileira de Diabetes (SBD). O especialista é um dos investigadores do estudo, que acompanhou os pacientes durante uma média de cinco anos e quatro meses.
Salles destaca que tanto os pacientes tratados com dulaglutida quanto os que receberam placebo continuaram utilizando remédios para controlar colesterol e hipertensão arterial. O grupo do placebo também permaneceu tratando a diabete com outros medicamentos que não o analisado.
"O grande benefício do estudo é que o remédio para diabete associado a outros contra fatores de risco pode reduzir a mortalidade quando comparado com nada", diz o endocrinologista.
Outros estudos ainda são necessários para identificar por que a dulaglutida reduz o risco de doenças cardiovasculares. "São várias hipóteses. Talvez ela controle a hipertensão ou um problema inflamatório sistêmico", sugere Salles.
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Diabete
A diabete é uma doença crônica que atinge 13 milhões de brasileiros, de acordo com o Ministério da Saúde. Ela ocorre quando a insulina não é suficiente ou não consegue agir de maneira adequada para metabolizar o açúcar presente nos alimentos e transformá-lo em energia, resultando no excesso de glicose na corrente sanguínea.
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2 - A aplicação de insulina causa dependência química
MITO: A insulina não provoca dependência. Quando o paciente precisa deste hormônio com frequência é porque ele realmente é deficiente na produção da insulina.
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3 - Não comer doce evita diabete
MITO: Além dos doces, outros alimentos também podem se transformar em açúcar no sangue e contribuir para o aparecimento da doença. Entre eles estão os alimentos ricos em amido como pães, bolos, raízes e massas.
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4 - A fruta é um alimento liberado para o diabético
MITO: O consumo de frutas tem de ser controlado porque elas contêm um açúcar chamado frutose que pode contribuir para o descontrole glicêmico no organismo. A recomendação é que o diabético coma até quatro frutas ao dia, de tipos diferentes e em horários diversos.
Foto: Propan American Health Organization/ Creative Commons
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5 - Canela controla a diabete
MITO: Muitos alimentos, como a canela, podem trazer benefício no controle glicêmico. Porém, não substituem a necessidade de dieta, uso do medicamento e acompanhamento médico periódico.
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6 - O diabético está proibido de ingerir bebida alcoólica
MITO: Ele pode consumir bebidas alcoólicas com moderação e se o médico autorizar. Recomenda-se evitar bebidas adocicadas como vinho doce, caipirinhas que levam açúcar, bem como a cerveja, que contém carboidrato.
Foto: Billy Wilson/ Creative Commons
Segundo a SBD, 13 milhões de brasileiros têm diabete, sendo que a do tipo 2 — alvo do estudo — representa 90% dos casos. No mundo, estima-se que haja mais de 415 milhões de adultos com a doença e, devido ao aumento da prevalência, que eles cheguem a mais de 640 milhões até 2040. Além disso, pesquisadores de um estudo realizado nos países bascos citam que cerca de 80% dos pacientes com diabete tipo 2 morrem em decorrência de complicações relacionadas ao coração.
Outro composto que trata diabete e apresentou resultados positivos contra doenças cardíacas foi a dapagliflozina. Um estudo que analisou 17.160 pacientes com diabete tipo 2, sendo 10.186 com doença cardiovascular, mostrou uma menor taxa de morte por motivos do coração e de hospitalizações por insuficiência cardíaca.
"Hoje, temos um arsenal terapêutico muito grande, mas, infelizmente, nenhum desses produtos está disponível na rede do Sistema Único de Saúde (SUS). Isso, para o médico que está no sistema público, é bastante angustiante", conta o endocrinologista, que é professor da Faculdade de Medicina da Santa Casa de São Paulo. Para os que podem ter acesso, um remédio que controla a diabete e previne doenças do coração ajuda na adesão ao tratamento.
Salles comenta que, segundo dados americanos, cerca de 60% dos pacientes que começam um tratamento para diabete deixam de tomar o remédio depois de um ano. "Tem de se colocar no lugar do paciente. O fato de usar menos medicamentos faz com que você tenha uma aderência melhor ao tratamento", diz o médico. Porém, no caso da dulaglutida, ele afirma que o uso do composto não dispensa o de outros remédios, como para hipertensão e colesterol.
VEJA TAMBÉM: Cinco sinais de que seu coração não anda bem
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Dia Mundial do Coração
Celebrado em 29 de setembro, o Dia Mundial do Coração conscientiza sobre doenças cardiovasculares e os riscos que apresentam à vida. É fundamental realizar um acompanhamento médico e ter hábitos saudáveis para evitar que tais problemas se manifestem no organismo. No entanto, nosso corpo pode apresentar alguns sintomas quando a saúde não está perfeita. Confira cinco sinais de que o coração não está bem, apontados pelo cardiologista Marcelo Sampaio, membro do comitê científico do Instituto Lado a Lado pela Vida.
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Palpitações
A sensação de que o coração está batendo fora do ritmo pode ser um sinal de arritmia cardíaca. Essas palpitações podem ocorrer naturalmente, durante atividade física ou serem desencadeadas pelo estresse. Nos casos mais graves, ocorre até mesmo quando a pessoa estiver sentada ou deitada. Caso se torne recorrente, é importante procurar ajuda médica.
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Desconforto ou dor no peito
"Dor ou sensação de aperto e desconforto no peito são sintomas clássicos de ataques cardíacos, mas não necessariamente indicam este problema", esclarece o especialista, reforçando a importância de investigar qualquer sinal do corpo. A dor de uma isquemia cardíaca, por exemplo, costuma ser localizada à esquerda e é descrita como uma "pressão" no peito. No caso de mulheres, pode se assemelhar a uma queimação e se estender para o pescoço e mandíbula.
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Falta de fôlego
A fadiga depois de uma esforço simples é completamente comum, principalmente em pessoas com tendência ao sedentarismo. No entanto, Sampaio explica que é importante distinguir esse cansaço e averiguar se é algo recorrente. "Caso trate-se de dificuldade para respirar ou falta de fôlego, pode ser um sinal de insuficiência cardíaca", diz.
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Tontura ou desmaio
Queda súbita da pressão pode causar tonturas e desmaios, já que o fluxo de sangue no cérebro fica insuficiente. Em casos mais graves, tais sintomas são carcaterísticos de problemas cardíacos, como o estreitamento da válvula aórtica, arritmias e cardiomegalia (coração grande).
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Dor nas pernas
Muitas vezes, as dores nas pernas indicam problemas nos vasos sanguíneos. Além da dor intensa, os dedos dos pés vão ficando com pouco oxigênio e nutrientes, tornando-se rapidamente frios e azulados. Nestes casos, o especialista reforça o atendimento médico imediato para evitar o risco de enfarte ou de AVC.