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Insônia crônica pode gerar depressão, ansiedade e falhas de memória

Médicos tratam distúrbio com terapia ou remédios; conheça dicas para uma noite tranquila

Por Diego Moura
Atualização:
Segundo Instituto do Sono, 45% da população paulistana apresenta alguma dificuldade para dormir Foto: Vic/Creative Commons

Noites total ou parcialmente em claro, interrupções de sono ou sensação de não ter dormido. A ocorrência disso pelo menos três vezes por semana ao longo de três meses sugere um quadro de insônia crônica. A definição, usada como base por médicos do mundo todo no combate aos males do sono, pertence ao DSM-5, manual de diagnóstico de transtornos mentais da Associação Americana de Psiquiatria.

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“A doença, eventualmente, tem causas bem definidas: problemas de saúde, físicos, psiquiátricos, mentais, neurológicos, do ambiente no qual a pessoa dorme, estresse”, explica o neurologista e pesquisador do Instituto do Sono de São Paulo Luciano Ribeiro. “Nossa busca é descobrir o vilão da história.”

E os números são de tirar o sono. Segundo o último levantamento realizado pelo instituto, 45% da população paulistana apresenta alguma dificuldade para dormir; destes, 15% sofrem de insônia crônica.

O neurologista do Hospital São Luiz Álvaro Pentagna aponta que a enfermidade pode estar associada a quadros depressivos e de ansiedade, como causa ou consequência de ambos. Isso se dá porque “a falta de sono afeta o bom funcionamento do sistema nervoso central e a manutenção do equilíbrio geral do organismo”.

Esse foi o caso do assistente administrativo Gilvan Soares, de 54 anos. Desde os 14, o cearense tem dificuldades para dormir e, nos últimos tempos, desenvolveu depressão, o que só piorou sua ausência de sono. “Não existe coisa pior do que passar noites em claro. Você fica horrível. É um inferno vivo”, conta.

Não raro, a privação de sono acompanha outros sintomas: alterações de humor, dificuldade de concentração, baixa resistência, perda de apetite e da libido, falhas de memória e agressividade. Entretanto, às vezes, não conseguir dormir é manifestação de outra doença. No publicitário paulista Túlio Darros, de 27 anos, a insônia se manifestou como indício do Transtorno do Déficit de Atenção e Hiperatividade (TDHA). “Há pouco mais de um ano procurei ajuda médica, mas ligavam minha insônia ao estresse do trabalho”, lembra. “Isso estava prejudicando, inclusive, meu relacionamento.” Só depois de diversos exames no Insituto do Sono de Piracicaba se esclareceu a causa.

Hoje, Soares e Darros se tratam com medicamentos. O assistente administrativo toma fluoxetina e carbonato de lítio, para a depressão, e clonazepam, para dormir; já o publicitário usa ritalina. Apesar de não condenar o uso de remédios tradicionais, o neurologista Luciano Ribeiro defende, em alguns casos, outros caminhos antes da medicação. “Há uma linha interessante que é da terapia comportamental cognitiva”, diz. A forma de atuação, baseada em quatro ou seis sessões com um profissional de saúde, foca em mudança de hábitos e pensamentos para tratar a enfermidade.

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Segundo ele, a utilização abusiva de medicamentos da família dos benzodiazepínicos (como o clonazepam, por exemplo), aliada à automedicação, também é grande vilã. “A médio ou longo prazo, além da dependência que causa, altera o sono normal e piora a própria insônia. O tratamento deve ser sempre com controle médico”, alerta.

Há quase 25 anos no Instituto do Sono, Ribeiro pontua que alguns fármacos mais modernos do que os calmantes tradicionais e ainda não tão difundidos na comunidade médica brasileira, como o Zolpidem, trazem menos malefícios ao paciente. “É um indutor de sono que age rápido e conserva a boa qualidade do sono”, afirma. Além disso, o medicamento não deixa “resíduos” de sonolência durante o dia. Mas remédios nessa linha são raros no Brasil e muitas novidades continuam sem previsão de chegada. “Estamos engatinhando ainda”, lamenta.

Alguns hábitos podem melhorar a qualidade do sono e minimizar a insônia; conheça:

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