Identificar e tratar transtornos mentais é essencial para prevenir suicídios

Ato é frequentemente ligado a depressão, ansiedade, esquizofrenia ou abuso de álcool e drogas

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Por Redação
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 Foto: Reprodução/Pixabay

“Alguma coisa estamos fazendo errado”, diz a psicóloga Semíramis Amorim. Segundo dados do Ministério da Saúde, o Brasil tem 32 suicídios por dia. São 32 vidas, a cada 24 horas, que acabam na maioria das vezes por impossibilidade de enxergar saída para uma situação. “Atualmente asociedade é focada no consumo. Tenho que ter tudo, ser vencedor sempre”, observa Semíramis. Enquanto a pressão é grande para todos, aqueles que têm dificuldade de lidar com as frustrações podem ter reações mais severas, explica.

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“A maior parte dos casos de suicídio estão relacionados a transtornos mentais, principalmente depressão, ansiedade, esquizofrenia ou abuso de álcool ou outras drogas”, afirma Semíramis. Segundo ela, quebrar o tabu sobre o assunto e conversar sobre esses transtornos é importante para reverter os números atuais.

Uma boa forma de dar o primeiro passo é saber identificar as principais causas do suicídio em amigos, colegas e familiares. “É preciso ficar atento a pessoas que passaram por processos de perda, jovens vivendo situações de bullying pesado — LGBTs passam com frequência por isso —, pessoas desempregadas, aposentadas, migrantes que vêm de outra realidade social, quem passou por situações de guerra ou desastres como em Mariana, pessoas com uma dinâmica familiar perturbada”, cita a psicóloga.

Ansiedade e depressão Mas como diferenciar a tristeza ‘normal’ ou a ansiedade comum do mundo moderno de algo mais grave? Além de frases como ‘não aguento mais’ ou ‘quero sumir’, mudanças no comportamento devem acender o sinal de alerta. Falta de interesse com o próprio bem-estar, comer ou dormir demais — ou de menos —, queda na produtividade ou no sucesso escolar são indicativos de que algo não vai bem. Semíramis cita quatro ‘D’s: estado depressivo, desesperança, desamparo e desespero.

Uso abusivo de álcool ou outras drogas Consumir álcool na tentativa de diminuir a tristeza “é uma grande ilusão”, afirma a psicóloga. “Ele é muito mais depressor do sistema nervoso central do que estimulante”, explica. Já a cocaína é extremamente estimulante, mas deprime fortemente em crises de abstinência.

Esquizofrenia A esquizofrenia é um transtorno de pensamento que faz com que o paciente tenha alucinações e delírios. “Pode ser que a pessoa ouça uma voz de comando que diga que ela tem que se matar ou matar alguém”, explica Semíramis. Nesses casos, o tratamento geralmente precisa ser feito com medicamentos.

Como ajudar O importante é prestar atenção a quem está em volta. “A gente deixou de olhar para o outro”, lamenta Semíramis. Ela explica que o primeiro passo é conversar e mostrar apoio. Depois disso, é preciso incentivar a pessoa a encontrar ajuda profissional e, acima de tudo, não criticar.

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O Centro de Valorização à Vida oferece apoio online, no site http://www.cvv.org.br/, pelo telefone 141, via Skype (acesso pelo site), ou e-mail (mensagem enviada também pelo site). Em todos os canais, o atendimento é feito por voluntários treinados e a conversa é anônima, com sigilo completo sobre tudo que for dito.

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