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Fisioterapia pélvica para gestantes também ajuda no pós-parto

Exercícios diminuem a dor durante o trabalho de parto e previnem disfunções do assoalho pélvico

Foto do author Ludimila Honorato
Por Ludimila Honorato
Atualização:
Grávida, a fisioterapeuta Thalita Freitas utiliza técnicas voltadas para o fortalecimento do assoalho pélvico. Foto: Julie Asdurian/Imagem cedida por Thalita Freitas

A fisioterapia focada no assoalho pélvico é uma das várias especialidades que ajudam a preparar o corpo da mulher para o parto. Além de fortalecer os músculos da região e auxiliar na diminuição da dor, os exercícios previnem possíveis disfunções no pós-parto, como incontinência urinária, e facilitam a recuperação.

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Para quem opta pela cesárea, a fisioterapia pélvica contribui para melhorar a qualidade da gestação, reduzir dores na coluna, no púbis, o inchaço e a fadiga. Depois, os benefícios são a melhora da cicatrização e a rápida recuperação da parede abdominal.

"A pelve da mulher sofre grande ação de hormônios durante a gestação que a deixam mais flexível para favorecer a descida do bebê. As posturas e os exercícios são específicos para isso", explica Thalita Freitas, fisioterapeuta especialista em Saúde da Mulher pela Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo.

Esse trabalho específico entra para uma lista de técnicas que as mulheres podem optar por fazer durante a gestação. Entre as atividades, estão dança, hidroginástica, ioga e pilates, por exemplo. É importante que qualquer prática física durante a gestação tenha liberação médica e seja orientada por um profissional.

Além de conduzir os exercícios durante a gestação, Thalita trabalha com a mobilidade da mulher e da região pélvica durante o trabalho de parto. Estudos experimentais apontam que esse trabalho promove a evolução da dilatação, e o uso consciente do corpo favorece o parto vaginal.

Em um vídeo publicado na página da clínica de Thalita no Facebook, a fisioterapeuta aparece dançando ao som de Anitta com uma grávida.

"A mobilidade materna diminui o tempo do trabalho de parto, que normalmente dura de 12 a 15 horas, aumenta a dilatação do colo [do útero] e reduz a dor. Tudo simplesmente pelo fato de se movimentar", diz.

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A especialista afirma que, em cada fase do trabalho de parto, o bebê está em uma parte da pelve. A movimentação e os exercícios conseguem aumentar o diâmetro para agilizar e facilitar o processo.

Thalita esclarece que a fisioterapia não é uma atividade física, mas uma sessão terapêutica que vai, de acordo com o objetivo de cada mulher, trabalhar os músculos para melhorar o corpo delas. Para que tudo faça ainda mais efeito, ela diz que a preparação anterior à gravidez também é importante para entender como o corpo funciona.

Prevenção. Entre as disfunções que podem ocorrer depois do parto vaginal, estão incontinência urinária, fecal e dificuldades nas relações sexuais. Com o trabalho voltado para o assoalho pélvico, é possível fortalecer e dar flexibilidade à região a fim de evitar esses problemas.

Outra alteração que o corpo da mulher sofre na gestação é a diástase, um afastamento dos músculos abdominais. A cantora Sandy e a atriz Thais Fersoza sofreram com isso. Segundo a fisioterapeuta Thalita, o espaçamento é considerado normal da fisiologia até três centímetros de distância.

"O corpo da mulher muda a cada semana: os músculos, a coluna, a estrutura, o centro de gravidade. Se ela não estiver preparada, pode ter dor na lombar e diástase, que pode ser maior. A fisioterapia previne ou trata esse tipo de disfunção", explica Thalita.

Exercícios

Cada mulher fará exercícios de acordo com seu objetivo e condições, mas, no geral, Thalita evita forçar a parede abdominal, justamente por conta da diástase. Os agachamentos são benéficos, mas a aplicação vai depender da parte postural de cada uma.

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A fisioterapeuta desaconselha fazer abdominal tradicional, prancha - em que a pessoa fica esticada com as mãos ou antebraços apoiados no chão - e rotação de tronco. Abaixo, ela indica alguns exercícios:

Fortalecimento de assoalho pélvico: contração e relaxamento do assoalho pélvico. Nesse caso, pode-se usar um equipamento chamado Epi-No® (veja aqui), uma espécie de balão que é introduzido no canal vaginal e inflado. Isso vai gerar elasticidade e flexibilidade, além de maior consciência da região e da musculatura a fim de diminuir lesões perineais.

A eficiência do equipamento foi comprovada em um estudo feito na Alemanha com quase 280 mulheres. Elas foram divididas em dois grupos: no que houve uso de Epi-No®, 37,4% ficaram com o períneo intacto após o parto normal enquanto a incidência era menor (25,7%) no grupo que não usou. Neste segundo grupo, o uso de episiotomia foi maior em comparação ao que usou o aparelho.

Bola: dependendo do exercício, vai promover a mobilidade da região da pelve, focado no assoalho e em toda a região do quadril. Em um estudo feito com 54 mulheres da maternidade do Hospital Omolbanin, no Irã, 92,6% das mulheres que usaram o método tiveram parto vaginal. Enquanto isso, a taxa foi de 66,7% no grupo que não fez uso da bola. Ou seja, as chances de as mulheres evoluírem para o parto normal usando esse equipamento são bem maiores do que quando não usam.

Hidroterapia: a água morna traz diversos benefícios, como vasodilatação e relaxamento dos músculos. Gera maior facilidade de movimentação, traz conforto, além da própria resistência da água que trabalha a parte muscular. Aqui, Thalita orienta que deve ser feita a partir do terceiro mês de gestação.

Experiência própria. Thalita está grávida pela segunda vez e colocou em prática os exercícios da fisioterapia pélvica funcional nas duas gestações.

"Trabalhei toda a parte muscular, tive um parto tranquilo. Estava preparada física e emocionalmente para o parto. Meu olhar sobre a dor era diferenciado", conta. Após 11 horas de trabalho de parto, exercícios direcionados, agachamentos e alongamentos, ela deu à luz o primeiro filho.

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A fisioterapeuta fala da importância de a mulher conhecer diferentes técnicas que podem ajudar no parto. "Informação é muito importante e é o que falta, porque temos uma cultura cesarista muito forte. Se a mulher entende o que está esperando, que a dor não está relacionada ao sofrimento, o olhar da gestante sobre o parto é diferente", afirma.

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