Fibrose Pulmonar Idiopática precisa ser diagnosticada cedo
Doença afeta pessoas com mais de 50 anos e sintomas podem ser confundidos com sinais de envelhecimento

Michele Lebani, 79, aguarda resultados de exames para descobrir se conseguiu frear o avanço da doença Foto: Divulgação
O cansaço começou a bater cada vez com mais força para Michele Lebani, 79, há cinco anos. Primeiro, ele sentia dificuldade para subir as escadas. Depois, atividades do dia a dia se transformaram em desafios cada vez mais cansativos. “Foi piorando muito, até que eu mal conseguia andar”, conta.
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Michele demorou três anos para descobrir que tem Fibrose Pulmonar Idiopática (FPI). O nome é complicado e pouco conhecido. Segundo uma pesquisa conduzida pelo Ibope Inteligência, apenas 5% da população brasileira afirma conhecer a doença.
A FPI atinge pessoas com mais de 50 anos e muitas vezes é confundida com sinais normais de envelhecimento. É preciso prestar atenção aos sintomas, pois a doença faz com que o aparelho respiratório perca progressivamente a elasticidade e a capacidade de expandir e oxigenar o corpo, com a formação de cicatrizes (fibroses) permanentes no pulmão. “Quando o diagnóstico demora, a pessoa entra em insuficiência respiratória, e, se continuar, os pulmões vão parando de funcionar”, afirma o pneumologista Adalberto Sperb Rubin.
Segundo Rubin, a falta de conhecimento sobre a doença é alarmante, já que o tratamento da FPI consegue no máximo conter sua progressão e, portanto, precisa começar o quanto antes. “O tratamento reduz a evolução da doença, tenta frear e dar tempo para o paciente tomar outras medidas, como fazer atividade física e evitar exposição a fatores de risco.”
Apesar de idiopática – ou seja, não se sabe quais são as causas – a Fibrose Pulmonar pode estar associada a alguns fatores, como tabagismo, exposição ambiental a diversos poluentes, refluxo gastroesofágico, infecção viral crônica e genética.
Apesar de afetar menos de 1% da população, é preciso ficar atento aos sintomas e procurar um pneumologista, já que a doença pode levar à morte dentro de 2 a 3 anos, quando não é tratada. Um profissional qualificado é essencial nesses casos, já que muitas vezes a FPI é confundida com problemas no coração ou enfisema pulmonar, segundo Rubin. “Se o diagnóstico for feito em uma fase avançada, a pessoa pode precisar de oxigênio complementar e, em casos mais graves, até transplante de pulmão”, explica.
A demora no diagnóstico fez com que Michele perdesse 50% da função pulmonar. Ele acredita que a doença esteja estabilizada, agora que toma os medicamentos corretos. “Eu acho muito importante falar sobre isso. Cada um vai passando a informação para o outro e assim a doença pode ser identificada mais rapidamente”, defende.