Falta de informação impede que se ajude corretamente pessoas com Alzheimer
ludimila honorato - O Estado de S.Paulo
21/09/2017, 08:23
Esquecimento é apenas um dos fatores da doença que vem acompanhado de outros impactos significativos
O esquecimento, geralmente, prevalece em pessoas com Alzheimer, mas o sintoma vem acompanhado de um grande impacto nas atividades do dia a dia. Foto: Free-Photos/Pixabay
Nem toda queixa de falta de memória é indício de Alzheimer, mas é indicado que toda queixa como essa seja investigada. O esquecimento é apenas um dos fatores – e o que geralmente prevalece – dessa doença ainda sem cura e vem acompanhado de um impacto nas atividades da vida diária.
Enquanto no envelhecimento natural a pessoa consegue realizar as funções do dia a dia, mesmo de forma lenta, no Alzheimer a concretização dessas funções nem existe. É como se houvesse um desaprendizado.
Além disso, o esquecimento pode ser consequência de outra condição, talvez mais simples, porém, por falta de conhecimento, pode-se criar um alarde e gerar crenças sobre a doença.
A recomendação é que se busque o menos possível sobre os sintomas na internet devido a informações erradas. Ao mesmo tempo, é importante se informar corretamente para saber lidar com a doença ou com quem a tem, orienta a neurologista Ana Luisa Rosas, diretora científica da Associação Brasileira de Alzheimer (ABRAz) em São Paulo.
A associação está apoiando uma campanha da empresa médica Torrent do Brasil para o Dia Mundial de Conscientização da Doença de Alzheimer, lembrado em todo 21 de setembro. Um vídeo mostra a (falta de) reação de pessoas na rua que se deparam com uma senhora que se diz perdida. “A falta de reação se deve ao fato de que as pessoas não têm acesso à informação adequada da doença e parece que, às vezes, é um mistério. Quando as pessoas não têm muita informação, faz com que não ajudem corretamente”, diz a especialista.
A neurologista, especializada em demências, levanta outro ponto sobre o Alzheirmer: orientar quem cuida de pessoas com a doença. “Não existe uma maneira de como lidar. A doença é uma só, mas em cada pessoa ela se manifesta de um jeito diferente. Tem doentes que são mais esquecidos, outros têm distúrbios de sono, tem pacientes agressivos e outros apáticos”, afirma.
Na galeria abaixo, a especialista explica algumas questões sobre a doença de Alzheimer:
Falta de informação impede que se ajude corretamente pessoas com Alzheimer
Falta de informação impede que se ajude corretamente pessoas com Alzheimer X
1 | 6
Alzheimer não é hereditário
Embora exista um componente genético para a doença e ela apareça ao longo de gerações seguidas, a maioria dos casos é esporádico e multifatorial. “Não se sabe, até hoje, o fator que apertaria o gatilho. Pode ser desde alimentação até atividade física, estilo de vida, bebida, tabagismo, diabetes, hipertensão”, diz Ana Luisa Rosas, neurologista e diretora científica da Associação Brasileira de Alzheimer (ABRAz) em São Paulo.
Falta de informação impede que se ajude corretamente pessoas com Alzheimer
Falta de informação impede que se ajude corretamente pessoas com Alzheimer X
2 | 6
Todo problema de memória é indicação de Alzheimer?
Não. O esquecimento, segundo a neurologista, pode estar associado a outros quadros, como estresse, excesso de trabalho, depressão ou problemas na tireoide. No Alzheimer, antes do esquecimento, podem aparecer alterações comportamentais, impacto significativo das funções diárias e distúrbios do sono.
Falta de informação impede que se ajude corretamente pessoas com Alzheimer
Falta de informação impede que se ajude corretamente pessoas com Alzheimer X
3 | 6
Alzheimer não tem cura nem prevenção
Infelizmente, a cura para essa doença ainda não existe justamente pelo fato de não se saber qual a causa exata dela. Pelo mesmo motivo, não é possível falar em prevenção. Como a doença tem vários fatores, a neurologista indica que as pessoas cuidem da saúde como um todo e se previnam de outras doenças, como hipertensão e diabetes.
Falta de informação impede que se ajude corretamente pessoas com Alzheimer
Falta de informação impede que se ajude corretamente pessoas com Alzheimer X
4 | 6
É possível diagnosticar Alzheimer precocemente
O exame genético para detecção do gene da doença só é útil quando a pessoa sente que há algo errado ou tem casos na família. Porém, mesmo que o resultado dê positivo, não precisa se desesperar. “O exame genético não diz se a pessoa vai desenvolver ou não a doença. Ele só vai dizer se tem o gene”, explica Ana Luisa.
Falta de informação impede que se ajude corretamente pessoas com Alzheimer
Falta de informação impede que se ajude corretamente pessoas com Alzheimer X
5 | 6
A doença pode ocorrer em pessoas mais novas
Embora comum na velhice, esse tipo de demência, assim como outras, não faz parte do envelhecimento natural. Quando ocorre em idade mais avançada, o Alzheimer afeta pessoas a partir dos 70 anos de idade. Nos casos familiares, considera-se que a doença acomete pessoas entre 45 e 55 anos.
Falta de informação impede que se ajude corretamente pessoas com Alzheimer
Falta de informação impede que se ajude corretamente pessoas com Alzheimer X
6 | 6
Alzheimer tem tratamento
Ainda que não exista cura nem se possa falar de prevenção, é possível amenizar os impactos da doença, principalmente no quesito memória. Segundo a neurologista da ABRAz, o tratamento é feito à base de um medicamento que impede a degradação do neurotransmissor responsável pela memória. Assim, a pessoa mantém a memória ativa, mesmo que seja de forma lenta.
Foto: StockSnap/Pixabay
PUBLICIDADE
Newsletter
Assine nossa newsletter e saiba tudo sobre cultura pop
E-mail cadastrado
Logo você receberá os melhores conteúdos em seu e-mail.