Estresse e ansiedade também podem provocar problemas no estômago; saiba como evitar
Gastrite, úlcera, refluxo gastroesofágico e síndrome do intestino irritado são principais doenças associadas à saúde mental

O estresse e a ansiedade podem provocar uma série de doenças psicossomáticas, como dores no estômago, gastrite e até úlcera Foto: Pixabay/derneuemann
A contadora Sandra Guerra, de 48 anos, começou a sentir fortes dores na região abdominal, queimação no estômago e um mal estar físico. Ela percebeu que esses sintomas começaram a surgir quando passou por uma situação de estresse.
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“Notei que eles (sintomas) se intensificaram na época que minha filha estava passando por alguns problemas na escola. Meu médico explicou que quando estamos em situações de tensão, o nosso organismo acelera a liberação do cortisol e adrenalina, hormônios que elevam a produção de ácido no estômago. Lidar com a situação que minha filha estava envolvida fez com que esse processo acontecesse comigo e que desenvolvesse uma dispepsia funcional, um nível da gastrite que atinge todo o estômago”, lembra.
Sandra buscou um especialista que, após avaliação clínica e exames médicos, deu o diagnóstico de gastrite. “Durante a pandemia eu já vinha fazendo o acompanhamento médico e tratamento adequado para a gastrite (emocional), mas notei que após testar positivo para covid-19 tive algumas crises de ansiedade que fizeram os sinais e sintomas aparecerem, felizmente, de maneira mais branda”, afirma. Além do acompanhamento com o gastro, Sandra Guerra faz psicoterapia para ajudar a lidar com estresse e ansiedade.

A contadora Sandra Guerra, que foi diagnosticada com gastrite após episódio de estresse Foto: arquivo pessoal
O médico Gustavo Patury, especialista em aparelho digestivo, explica que o estômago é o órgão que mais sente o estresse: “A ansiedade causada pelo estresse libera cortisol e adrenalina, isso faz com que o corpo produza ácido do suco gástrico em excesso e acaba diminuindo uma camada de proteção que temos no estômago. A alta acidez deixa todo o sistema digestivo irritado, causando dores e náuseas, levando a pessoa a ter uma gastrite nervosa”.
Sempre que não estamos bem, do ponto de vista emocional, o nosso corpo reage. Sensações como angústia, medo, ansiedade podem desencadear doenças estomacais como gastrite nervosa ou úlcera.
“A gastrite é uma inflamação que ocorre na parede interna do estômago. Essas lesões são mais superficiais do que no caso da úlcera, que é um agravante da gastrite e apresenta lesões muito profundas na parte interna e no revestimento do estômago. As duas estão ligadas à saúde mental. Na maioria das vezes as complicações da úlcera acontecem pela falta de tratamento da gastrite ou pelo uso de anti inflamatórios e tabagismo”, enfatiza o especialista em cirurgia bariátrica e metabólica Gustavo Patury.

O especialista em aparelho digestivo, Gustavo Patury, cirugião bariátrico e metabólico Foto: Arquivo pessoal
Existem outras patologias associadas ao estresse e ansiedade, como refluxo gastroesofágico e a síndrome do intestino irritável. “O intestino é nosso segundo cérebro, aliás, vai além. Ele é responsável por produzir a maior parte da substância do bem-estar (serotonina). Descargas de adrenalina podem mexer com o intestino, causando espasmos e, eventualmente, causar, por exemplo, uma dor de barriga inesperada”, acrescenta o médico Rodrigo Barbosa, cirurgião do aparelho digestivo.
Ele ressalta que, por causa do isolamento social em decorrência da pandemia de covid-19, muitas pessoas promoveram alterações nos hábitos alimentares. “Muitos entram num ciclo de mudança alimentar grave por estar em casa, causando as mais diversas alterações, desde constipação a diarreias. Isso também está relacionado ao aumento da ansiedade pelo medo que tem nos cercado, diz Barbosa”.

O médico Rodrigo Barbosa, cirurgião do aparelho digestivo Foto: Arquivo pessoal
Muitos estão comendo por estresse e ganhando peso na pandemia.
Como evitar dor de estômago e outras doenças estomacais devido ao estresse?
Além de buscar uma alimentação balanceada, inclusive estando em isolamento social, é preciso estar com a saúde mental em dia, na opinião do médico Rodrigo Barbosa: "Muito do que se sente está relacionado não somente ao estado emocional, mas ao que se come, como se come, quanto se come e a qualidade dos alimentos que colocamos pra dentro. Ao mesmo tempo, nos resta esperar por dias melhores e, enquanto isso, vigiar o que comemos, controlando a mente - é o que podemos fazer para melhorar nossa vida na esperança de dias melhores”.
O cirurgião Gustavo Patury, especialista em aparelho digestivo, concorda: “Uma das melhores formas de evitar as doenças do sistema digestório é cuidar do psicológico, assim como manter um tratamento com um profissional de psicologia ou psiquiatria (no momento de forma online), assim como seguir uma alimentação saudável e seguir uma rotina com exercícios físicos que evitam dores e problemas no estômago. Ah, outras dicas de prevenção: evitar comer com frequência alimentos muito ácidos, jejum prolongado, café, bebidas alcoólicas e cigarro”, conclui.