PUBLICIDADE

Do físico ao emocional: os danos da bulimia

Distúrbio alimentar frequentemente confundido com a anorexia, a bulimia pode até levar à morte

Foto do author Redação
Por Redação
Atualização:

Embora a bulimia e a anorexia sejam frequentemente entendidas como um distúrbio só, as duas doenças têm suas diferenças. É o que explica o psiquiatra do Hospital das Clínicas, Daniel Barros, em entrevista ao programa Rota Saudável, da Rádio Estadão. Enquanto na anorexia, a pessoa tem a sensação de estar excessivamente gorda o tempo todo, na bulimia esse estado não acontece sempre. Nas duas doenças há distorção da imagem corporal, mas na bulimia, isso ocorre de tempos em tempos. O que caracteriza a bulimia é um comportamento chamado binge, em que a pessoa, em determinados momentos, se alimenta compulsivamente, em grande quantidade e velocidade. Após esse pico, há uma conscientização do exagero, o que faz o indivíduo tentar compensar seu comportamento - utilizando laxantes, vomitando ou passando muitas horas na academia.

PUBLICIDADE

Campanha contra anorexia compara modelos a croquis 

Foto: Divulgação De acordo com o médico, a bulimia é bastante perigosa porque pode levar aos chamados distúrbios hidroeletrolíticos: ao vomitar diversas vezes, a pessoa perde líquido e altera os componentes do sangue - perdendo também sódio e potássio, além de ficar desidratada. "Outra coisa que acontece, nos quadros mais graves, é que a pessoa começa a ter problema de esôfago de tanto o conteúdo do estômago, que é ácido, voltar”, diz o médico, que explica que tal ação pode acarretar uma esofagite ou o rompimento do esôfago. Devido aos vômitos constantes, pode também haver desgaste dos dentes, corroídos pelo ácido. Em casos mais graves, a doença pode levar à morte. Além dos problemas físicos, a bulimia causa problemas emocionais: "a pessoa passa a viver de uma maneira muito complicada. Ela come e já tem a sensação de que está engordando e tem que vomitar. E vomitar é uma coisa trabalhosa, que tira a pessoa do convívio social", explica Barros. Engana-se também quem acha que ficar longos períodos sem ingerir alimentos é benéfico. “Com a privação de alimento, a pessoa acaba aumentando o risco de ter um descontrole, comer demais e acabar vomitando", diz o doutor. O tratamento do distúrbio deve ser feito partindo do princípio de que o problema é controlar a compulsão por comida. Há medicamentos que ajudam a promover esse controle, e o ideal é fazer refeições fracionadas, com o acompanhamento de um nutricionista e de uma psicoterapia. “Eventualmente até um psicólogo de família, porque, muitas vezes, a dinâmica familiar é bastante afetada por essas questões alimentares”, completa Barros.

Comentários

Os comentários são exclusivos para assinantes do Estadão.