Diagnóstico precoce de Comprometimento Cognitivo Leve pode retardar demência

Condição acomete, em geral, pessoas de meia-idade

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Por Maria Eduarda Chagas
Atualização:

Perda de memória pode, sim, ser sinal de estresse e cansaço, mas isso não é motivo para deixar de procurar um médico. Em alguns casos, memória falha pode ser sintoma de Comprometimento Cognitivo Leve, condição que, em geral, evolui para demência ou Doença de Alzheimer. De acordo com Norberto Anízio Ferreira Frota, coordenador do departamento científico de neurologia cognitiva da Academia Brasileira de Neurologia, o Comprometimento Cognitivo Leve atinge de 14 a 20% das pessoas que têm mais de 65 anos.

Segundo o especialista, a doença se caracteriza, principalmente, por perda de memória, mas pode afetar outras esferas da cognição, como a atenção, as habilidades espaciais e a linguagem. “As pessoas com CCL, entretanto, conseguem manter suas funções diárias, apesar dessas dificuldades. O problema é que essa população tem uma chance maior de evoluir para um quadro demencial. Na realidade, uma parte dos pacientes já tem um quadro degenerativo, mas não na fase de demência”, explica Frota. A condição atinge, em geral, pessoas que estão na faixa dos 50 anos.

Memória falha pode ser sintoma de Comprometimento Cognitivo Leve Foto: Geralt/Pixabay

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Causas. De acordo com Paulo Bertolucci, chefe do Setor de Neurologia do Comportamento da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp), o Comprometimento Cognitivo Leve pode ser desencadeado por várias causas. “As causas do Comprometimento Cognitivo Leve são as mesmas da demência. A mais comum é a Doença de Alzheimer. Além disso, pessoas que têm hipertensão mal controlada podem ter, ao longo do tempo, isquemias que podem levar à demência”, diz.

Alguns fatores de risco contribuem para o avanço desse comprometimento. O principal é inatividade intelectual. “Pessoas com baixa escolaridade costumam ter Doença de Alzheimer mais precocemente”, afirma Bertolucci. Sedentarismo também está entre os hábitos que agravam o problema. Hipertensão, diabete, sobrepeso, depressão e tabagismo também são citados pelo médico. 

Diagnóstico precoce. Quanto mais precoce o diagnóstico, melhor. Sabendo da condição, o paciente pode mudar seus hábitos e, assim, retardar o estágio mais crítico da doença.

O diagnóstico precoce também é importante porque novos estudos médicos estão cada vez mais focados no Comprometimento Cognitivo Leve. “Pesquisas que impedem a progressão da Doença de Alzheimer estão mais voltados para pacientes nessa fase do que no estágio de demência, porque nessa fase talvez ainda dê para reverter algumas perdas funcionais”, diz Frota.

Para Bertolucci, o diagnóstico da Doença de Alzheimer é feito tardiamente no Brasil, até mesmo porque há uma crença de que é normal uma pessoa idosa ter falha de memórias. “No envelhecimento normal, a memória fica mais lenta, mas funciona. No Alzheimer, a memória não existe mais. Há diferença entre uma memória lenta e uma memória que já desaparece”, esclarece. O especialista recomenda, então, que a pessoa consulte o médico para que não restem dúvidas.

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Mutirão. No dia 3 de outubro, o Núcleo de Envelhecimento Cerebral (NUDEC), da Universidade Federal de São Paulo (UNIFESP), realizará um mutirão para avaliar, gratuitamente, a memória de pessoas que têm mais de 50 anos e acreditam estar com problemas na memória. O serviço e será das 9h às 15h, no estacionamento da Universidade Federal de São Paulo - entrada pela Rua Botucatu, 862, Vila Clementino. Não é necessário fazer inscrição prévia. 

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