Amamentação: entenda a importância, os benefícios e as dificuldades na produção de leite materno

Aleitamento pode reduzir mortalidade infantil e diminuir a chance de a mulher desenvolver câncer de mama, mas fatores físicos e emocionais podem dificultar processo

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Por Ludimila Honorato
Atualização:
Mulher amamenta o bebê durante celebração da Semana Mundial do Aleitamento Materno na Costa Rica. Foto: Juan Carlos Ulate/Reuters

A amamentação é um processo considerado cheio de amor, que envolve afeto e troca emocional entre mãe e bebê. No entanto, por mais que esses sentimentos possam fazer parte, o aleitamento materno também é difícil, cansativo e requer preparo.

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Para incentivar e conscientizar sobre a importância desse ato de nutrir, a campanha Agosto Dourado dissemina informações para que as mulheres conheçam os benefícios e saibam lidar com as dificuldades que possam sugir. Leia aqui relatos de duas mães.

No intuito de contribuir com esse processo de oferta do leite materno, o Estadão conversou com a pediatra Loretta Campos, consultora de aleitamento materno, e a nutricionista materno-infantil Poliana Resende para responder algumas dúvidas sobre amamentação e produção de leite materno.

 

Qual é a importância da amamentação?

A amamentação é o processo de alimentar e, consequentemente, nutrir o bebê com leite humano, seja ele produzido pela mãe ou por uma doadora. Além da importância de sobrevivência do recém-nascido, é por meio do aleitamento materno que mães que conseguem amamentar e os nenéns podem usufruir de diversos benefícios, no curto e longo prazos. Entidades de saúde do Brasil e do mundo recomendam que o leite humano seja oferecido de forma exclusiva ao bebê até o sexto mês de vida, porque é o alimento melhor tolerado pelo organismo dele. No País, segundo o Ministério da Saúde, essa orientação é possível para 45% dos recém-nascidos.

Quais são os benefícios do leite materno para o bebê?

No último dia 4, ao anunciar a campanha nacional de amamentação, o Ministério da Saúde falou sobre os benefícios do leite materno para bebês e mães. Segundo a pasta, o alimento reduz em até 13% a mortalidade infantil por causas evitáveis em crianças menores de 5 anos, diminui as chances de alergias, infecções e obesidade, por exemplo, além de diminuir a chance de a mulher desenvolver câncer de mama e de ovário no futuro.

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Quais situações podem dificultar ou impedir a amamentação?

Diversos fatores podem fazer com que as mães não amamentem seus bebês de forma adequada, desde condições físicas até emocionais, segundo explica a pediatra Loretta Campos. A baixa produção de leite, por exemplo, decorre da falta de estímulo nas mamas e bebês prematuros que tiveram de ficar na UTI neonatal ainda não estão preparados para sugar o leite. Portanto, é possível que a mãe tenha pouco leite a oferecer e tenha de recorrer a técnicas para aumentar essa produção.

Na Semana Mudial do Aleitamento Materno, de 1 a 7 de agosto, mães celebraram a data em Caracas, na Venezuela. Foto: Marco Bello/Reuters

Outros fatores que podem gerar dificuldade é o mamilo invertido, em que a parte proeminente da aréola está retraída para dentro da mama, tornando mais difícil a pega do bebê; cirurgia de mama, na qual glândulas mamárias e ductos podem ser removidos; mama anatomicamente pouco desenvolvida ou muito volumosa para a boca pequena do bebê; recém-nascidos sonolentos, que deixam de mamar e, com isso, fazem diminuir a produção de leite; oferta de mamadeira e chupetas, que podem levar à confusão de bicos; e mães com HIV positivo não podem amamentar devido ao risco de transmitir o vírus por meio do leite.

A parte emocional e psicológica também é fator importante, tanto para o sucesso quanto para a dificuldade do aleitamento. Família e profissionais da saúde devem apoiar a mãe no desejo dela de amamentar, uma vez que o processo demanda tempo e esforço. Depressão e ansiedade também podem interferir na amamentação, então é importante que essa mãe esteja amparada.

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O que fazer durante a gravidez para estimular a produção do leite materno?

Durante a gestação, não é recomendado fazer qualquer tipo de estímulo para a produção de leite. Loretta explica que esse estímulo precoce libera ocitocina, hormônio que induz à contração do útero. Se isso ocorre, a mãe corre o risco de ter um parto prematuro. No entanto, isso pode ser feito em casos específicos, quando, por exemplo, a mãe tem mama reduzida e bem próximo ao dia do parto. No geral, durante a gravidez, é importante que a mulher busque orientações e seja bem informada sobre o aleitamento com profissionais, seja pediatra, ginecologista ou consultoras de amamentação. Esse atendimento a deixará mais segura sobre cada fase.

Após o nascimento do bebê, algumas técnicas podem contribuir para aumentar a produção de leite materno, se for necessário. A premissa é estimular a mama e a sucção, então isso pode ser feito por meio de ordenha manual ou com ajuda de uma bomba elétrica. A nutricionista Poliana Resende também cita o estímulo alternado entre mamadas e o uso de medicações específicas que precisam ser avaliadas pela mãe junto com um médico especialista.

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Quando começa a descer o leite?

A pediatra explica que a mulher começa a produzir o colostro por volta do quarto mês de gestação, quando as mamas começam a se preparar para o nascimento do bebê. É com esse alimento que ele será amamentado nos primeiros dias de vida. A descida do leite maduro, com mais gordura e que vai sustentar o neném por mais tempo vem em torno do quarto dia após o parto. Em algumas mães, isso pode ocorrer no sétimo dia. Loretta destaca que depressão e ansiedade também podem interferir nesse tempo. Ela destaca que nas mulheres que entraram em trabalho de parto e tiveram o filho por meio vaginal a descida pode ser em menos tempo do que aquelas que fizeram uma cesárea. A diferença de leites também é notória: enquanto o colostro é meio alaranjado, o leite maduro é mais branco. Além disso, quando o leite desce, as mamas aumentam de tamanho.

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Existe leite materno fraco?

Definitivamente não. O que geralmente se chama por "leite fraco" ou "ralo" tem o nome de colostro, que é o primeiro alimento produzido pelas mamas, ainda quando a mulher está grávida. A nutricionista materno-infantil Poliana Resende afirma que, de fato, o colostro é em menor quantidade, mas suficiente para o pequeno estômago do recém-nascido. Esse leite é tão fundamental quanto o leite maduro, que começa a descer alguns dias após o parto. Loretta completa que o colostro é rico em anticorpos, considerado a primeira vacina do bebê.

Quais nutrientes o leite materno possui?

Poliana Resende explica que o leite humano, desde o colostro até o maduro, têm todos os nutrientes necessários para cada fase do bebê. Dependendo do tempo, alguns estão presentes em maior ou menor quantidade. No leite maduro, há maior concentração de lactose do que no colostro, por exemplo, bem como o total de gorduras. Já no colostro, há maiores taxas de colesterol e proteínas.

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