A pequena Lainie, uma garotinha americana do estado de Indiana de no máximo 10 anos, não pensou em nada mais assustador do que se vestir de "mãe" para o Halloween. A fantasia não podia ser mais real: moletom com leite regurgitado no ombro (ou seria vômito?), um cabelo que não vê pente há dias amarrado displicentemente em um rabo de cavalo, olheiras tenebrosas, um filho no colo e outro pendurado nas pernas e um par de chinelos que não combina com nada. A foi postada no Facebook de Rachael Fansler Beachy, uma mãe em tempo integral, amiga da mãe de Lainie.
"A filha da minha amiga se fantasiou de mãe para Halloween. Repare na mancha na roupa e nas olheiras. Essa é a melhor fantasia que já vi! Ela merecia muito vencer o concurso de fantasias!", postou. "Alguém diga a ela o que ganhou: estrias, hemorróidas e um bumbum frontal. Mas o prêmio vai ser incrível!", ironizou.
A foto viralizou. A maternidade real, quando exposta, faz sucesso porque é como se desse um abraço e um high five em todas as mães do mundo: "tamo junta, amiga!" Não há consolo maior de ver que não é só na sua casa que o Halloween é todos os dias. Aquele cansaço, aquelas olheiras e cara de zumbi não são exclusividade sua, ao contrário do que nos fazem crer as propagandas de margarina que mostram as mães magras, penteadas e perfeitas.
Mas se as crianças, principalmente as meninas, já perceberam que ser mãe não é bolinho, por que o resto do mundo ainda não?
"Você SÓ fica em casa com os filhos?" - quem nunca ouviu essa pergunta depois de contar que é mãe em tempo integral? Afinal ficar em casa SÓ lavando, passando, cuidando, alimentando, educando nossos filhos é realmente uma falha moral, uma folga sem precedentes. A pergunta é extensiva às mães empreendedoras que, além de SÓ ficarem em casa cuidando dos filhos ainda SÓ tentam alavancar um negócio entre uma fralda suja e outra.
Se Lainie ganhou o concurso, não sei. Talvez alguma Princesa Léia ou a Frozen tenham conquistado o júri com sua bravura e doçura combinadas. Mas Lainie ganhou os nossos corações - fazia tempo que a gente não se via refletida assim, a não ser no espelho. E se pelo menos nossos filhos têm enxergado nosso esforço, deve estar valendo a pena.
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