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Ser mãe é padecer na internet

Opinião|Loja virtual de Luciano Huck pede desculpas por camisetas infantis que incitariam à pedofilia: "não houve qualquer intenção maldosa"

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Atualização:

A modelo, uma menina de uns 6 anos no máximo, posa com uma camiseta onde se lê: "Vem Ni Mim Que eu Tô Facin". O anúncio é claro: "Pra quem procura uma camiseta divertida para os pequenos, as camisetas Huck são perfeitas! (...) estão disponíveis nos tamanhos 02 a 12, para meninos e meninas, e têm caimento perfeito para quem procura conforto e qualidade (...) o modelo utilizado na foto é tamanho 06! Escolha já a sua!" Ao ler o anúncio atentamente, vemos que as camisetas vão do número 2 ao 12, ou seja, foram feitas exclusivamente para crianças. As imagens se espalharam pelas redes sociais como um rastilho de pólvora e o site ficou instável assim que os compartilhamentos com o link da página começaram a subir. Eu fiquei sabendo por uma amiga, que me marcou em um post do Facebook com a seguinte mensagem: "Olha que beleza, à venda nas lojas uma camiseta que incentiva a pedofilia. Vocês acreditam? Luciano Huck vende. Por favor, não comprem", pedia essa amiga, que tem uma filha de 1 ano. A assessoria de imprensa do apresentador foi procurada e respondeu por meio de nota, assinada pelo CEO do grupo Reserva, parceiro de Luciano Huck no e-commerce.

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"Pedimos profundas desculpas sobre a camiseta Vem Ni Mim Que Tô Facinha e sentimos muito por todos que foram ofendidos pela imagem. Este Comunicado não tem o objetivo de justificar o injustificável; mas apenas de explicar o motivo do erro para que fique claro que não houve qualquer intenção maldosa.  Não nos eximimos do erro, nem de qualquer responsabilidade, mas é importante esclarecer que não houve a intenção de ofensa. É comum em e-commerce que as artes das estampas sejam aplicadas posteriormente sobre fotos dos modelos com camiseta branca, conforme o exemplo abaixo. Por erro nosso, todas as artes de Carnaval (inclusive e infelizmente, esta arte) foram aplicadas sobre a coleção infantil e disponibilizadas no site sem a devida revisão. Assim que percebemos esse lamentável erro, imediatamente retiramos a imagem do ar e decidimos escrever essa carta para explicar tecnicamente o problema conjuntamente com um pedido de desculpa pela falta de bom-senso e pelo descuido. Obviamente, não fosse o erro, nem a USEHUCK, nem qualquer outra marca, teria a intenção de usar uma imagem como essa para vender camisetas ou para qualquer outro fim.", Rony Meisler, CEO do Grupo Reserva.

A assessoria de imprensa da marca afirmou ao blog, por telefone, que "com certeza nenhuma camiseta foi vendida com esses dizeres". As camisetas em questão estão à venda desde antes do carnaval.

Procurado, o Instituto Alana, ONG que atua em defesa da infância, lamentou o ocorrido. A psicóloga Laís Fontenelle acredita que houve de fato um erro, "porque em sã consciência não acredito que iriam usar crianças dessa forma para vender camisetas com mensagens totalmente equivocadas e inadequadas". A psicóloga comemora a retratação e o papel que as redes sociais tiveram neste caso para mostrar que "certas coisas não são mais aceitas", completa.

Não é a primeira vez que as camisetas de Luciano Huck são desaprovadas publicamente. O apresentador foi acusado pelos internautas de capitalizar o episódio de racismo contra o jogador Daniel Alves, em abril do ano passado. O lateral do Barcelona comeu uma banana lançada sobre ele durante uma partida. Neymar, com a ajuda de uma equipe publicitária, lançou a frase #somostodosmacacos no Twitter, ganhando apoio de famosos e outros atletas de diversas modalidades do esporte. Luciano lançou uma camiseta com os dizeres em sua loja virtual e faturou alto com a iniciativa. ____________________________________________________________________________

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Opinião por Rita Lisauskas

Jornalista, apresentadora e escritora. Autora do livro 'Mãe sem Manual'

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