PUBLICIDADE

Foto do(a) blog

Ser mãe é padecer na internet

Opinião|Dia de volta às aulas, que dia mais feliz.

Foto do author Rita Lisauskas
Atualização:

Segunda-feira de sol e hoje é dia do Samuca voltar à escola que tanto ama. Nada de mochila ou lancheira novas - as do ano passado ainda estão ótimas - mas ano de desafios novos, o que é bem melhor. Meu bebê vai começar a ser alfabetizado. A única coisa que eu sabia quando começamos a procurar escola há dois anos e meio é que não queria que meu filho estudasse em um colégio católico. Fui feliz no que estudei, mas queria que o Samuca acima de tudo soubesse pensar e argumentar e as escolas religiosas são o oposto disso, na minha opinião. E o meu marido não é católico, o que fez com que minha escolha fosse a nossa escolha, como tem que ser. Depois de visitar vários lugares, escolhemos uma onde tudo o que acreditávamos tinha um nome: construtivismo.

PUBLICIDADE

Posso dizer que, até agora, estou encantada com o método. O Samuca é uma criança que argumenta e tem hipóteses para tudo. Ele sempre traz o resultado das teorias dele e dos colegas testadas em sala de aula. "Sabia que a pedra afunda na água, mamãe?". E daí eu via as fotos no blog da escola das crianças brincando com vários materiais em um balde com água, percebendo que alguns são pesados e outros mais leves. Depois ele começou a pedir para lavar todas as embalagens vazias que encontrava por aí "para a reciclagem". "Sabia que tem gente que joga lixo nos rios e isso é poluição, mamãe?". O jeito que eles lidam com a agressividade das crianças também combina com o que pensamos sobre educar. Quem morde, por exemplo, tem que cuidar do ferimento do colega que foi mordido: lavar, passar pomada, pedir desculpas. Tem que entender a dor do outro e arcar com as consequências de seus atos. Somado a isso a escola é inclusiva desde antes da lei: Há crianças com Síndrome de Down, cadeirantes, crianças com paralisia cerebral - todas juntas, aprendendo juntas. Um mundo mais tolerante com as "diferenças" não é o que precisamos?

Ontem chegou um email com o novo horário de entrada e saída das turmas, nome dos alunos e nome da professora: Ismênia, a mesma que pegou o Samuca para brincar no dia em que conhecemos a escola. Eu simpatizava com ela desde aquele dia e fiquei muito feliz que agora ela vai ser a professora do meu filho. A Ismênia é negra e eu pensei mil vezes antes de escrever isso aqui porque a cor da pele de alguém não tem nada a ver com a capacidade dela no trabalho. Mas acho digno de nota meu filho ter a segunda professora negra em três anos de escola. Ilustra bem a filosofia do lugar que escolhemos para ajudar na educação nosso filho. Seja feliz, Samuel! Um ano de brincadeiras, felicidades e aprendizado para você, filho querido. Mamãe e papai.

Opinião por Rita Lisauskas

Jornalista, apresentadora e escritora. Autora do livro 'Mãe sem Manual'

Comentários

Os comentários são exclusivos para assinantes do Estadão.