Além do clássico questionário - trabalho, cônjuge e afins -, uma enorme lista vem sendo adicionada a esse tipo de conversa superficial. Vale de tudo: Fernando de Noronha, Tylenol, escola dos filhos, trabalho voluntário e a mais nova chancela, vida espiritual. Atualmente, parece que ser espiritualizado virou obrigação e não existe uma "pranchetão" que não passe por esse tema. Está mais para um "consumismo espiritual" do que para uma busca genuína. Existe sempre uma nova técnica da moda, abandonada pouco depois, dando espaço para o bom e velho conhecido vaziozão. O importante é ter alguma resposta para dar quando a "pranchetão" perguntar. Para não falhar nessas situações bizarras, existem até receitas de comportamento na internet e dicas de como "dar um upgrade" no seu perfil, montar seu instagram etc.
Naturalmente, essas ocasiões não acontecem todos os dias. Nem aguentaríamos o encontro com uma pranchetão com essa frequência, tamanha é a persona dela. Uma amiga minha me disse, esses dias, que tinha dó desse tipo "pesquisadora do IBGE social". Segundo ela, que entende muito de comportamento humano e é inteligente pacas, a pranchetão, apesar de sua aparente competitividade, só quer fazer amigos e ser aceita, mas tem medo de suas imperfeições. Precisa contar e cobrar MBAs e viagens e novidades espirituais. Não angaria aproximação, amizade, afeto. Ela se esconde atrás de todas as skills necessárias para qualquer suposta "application" de como ser aceita.
Diante disso, a grande e honesta pergunta é: como ficar de fora? Como não sucumbir à pressão das perguntas que fazem parte desse questionário superficial? Em tempos de redes sociais, em que todos compartilham do pôr-do-sol da praia ao cachorro no veterinário, pouco sobra de interesse genuíno nas pessoas e espaço para os afetos.Ficamos esmagados entre o desejo de estar na praia tomando um vinho rosé (como em 90% das fotos postadas hoje em dia) e a sabedoria de aproveitar o dia a dia sem grandes ansiedades.
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