Então, vamos por partes. Qual é o problema de sentir isso? A rigor, nenhum. Por um lado, mostra que você tem um coração que pulsa aí dentro, que se preocupa com os outros e que não vive só olhando seu umbigo. Por outro lado, acaba com a vida. Sim, sofredores de "culpite crônica" são capazes de loucuras só para não ter de enfrentar a culpa. Violentam a própria vontade, têm uma dificuldade de dizer 'não' desastrosa. E, convenhamos, não há nada de heroico em você ir gripadaça ao aniversário da sua amiga, só porque não quer chateá-la. O mundo é duro, pessoal. Um dia, a gente frustra uma pessoa; outro dia, ela frustra a gente. Agora, o grande desafio para os que têm "culpite" é aguentar o "bico" dos outros. Sim, porque, no fundo, no fundo, queremos poder frustrar sem que o outro fique frustrado. Isso não corresponde à realidade. O importante é bancar sua escolha e dar uma ignorada na culpa que vai ficar martelando sua cabeça depois.
Um passo importante: como combater a "culpite"? Bom, daí, minha gente, é complicado. Existem alguns manuais na internet que ensinam a fazer isso. Entretanto, é uma coisa muito pessoal. Tem gente que procura meditação, que sai pra correr, que faz análise, que chora. Acredito que temos de nos ajudar. Se a gente sabe que alguém sofre de "culpite", podemos sempre minimizar seu sofrimento. É difícil curar nossa própria "culpite", mas aliviar a do outro é mais fácil. Às vezes, só um telefonema já ajuda. Um convite seguido de um "se não der para ir, não se preocupe", um e-mailzinho dizendo que sua amiga não é a pior mãe do mundo porque ela vai viajar, e que, sim, ela merece um descanso, às vezes valem mil terapias. Acredito que as "culpites" precisam ter um pouco mais de corporativismo, sem fazer disso um grande drama. Liberdade,sim; "culpite" não.
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