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Reflexões sobre histórias e clichês femininos

Projeto vidão

E finalmente começou 2015. Depois de pegar 900 horas de trânsito na estrada (ou não), pular as ondinhas, meditar sobre o ano de 2014 (que ano, meu Deus), estamos aí, de volta à labuta. Computador ligado, horários alertas na cabeça, reuniões, compromissos. All over again. Para não deixar o gostinho do recesso de lado, comecei com uma amiga, durante essa deliciosa pausa de fim de ano, o "projeto vidão". Sim, você leu certo: "projeto vidão", apesar de eu ter lido que as matérias mais lidas dos sites DO ANO foram sobre os projetos-verão da vida. Todas do tipo "15 maneiras de ter uma barriga chapada", "aprenda a fazer 45 pratos sem glúten", "900 exercícios para ficar com o bumbum igual ao da BBB"... Convenhamos, gente: a coisa mais legal que a gente experimenta nesses feriados -- e, principalmente, no verão -- não é exatamente acordar cedo para malhar 14 horas ou ter de se privar das delicinhas que nos são oferecidas. Ou você vai realmente negar o bacalhau da sua avó? Vai ficar fazendo detox no réveillon, quando a caipirinha te convida? Vai negar uma lulinha à dore, porque você não come fritura nunca?

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Por Marilia Neustein
Atualização:

Vamos lá. Claro que fazer exercícios, além de ser essencial para a saúde, é maravilhoso.Mesmo quem não curte, depois que vence a preguiça, se sente bem. É muito gostoso dar uma caminhada, ouvir uma música que você ama enquanto dá uma corridinha, sentir uma brisa. E se o visual, como uma praia, ajudar, melhor ainda. No entanto, nada mais gostoso -- ainda mais nesta época do ano -- do que se sentar a uma mesa e mandar brasa numa moqueca com pessoas queridas. Ora, que barriga chapada vai manter as memórias das histórias da família que aquele tio, sentado bem ali, conta? A tradição de ter uma pessoa que sempre abre o panetone? Crianças pedindo quatro sorvetes na praia, milho verde bem molinho, uma cervejinha meio gelada/meio quente, o churras com amigos cantando "Evidências" na beira da piscina. Fico sempre me perguntando como as pessoas que têm uma dieta muito restritiva -- o que é o caso das barrigas chapadas -- vivem esses momentos. Já ouvi de gente que deixa de viajar, porque tem medo de faltar suco verde e só ter glúten no café da manhã da casa para a qual foi convidada.Enfim, cada um é cada um, sabe o que é melhor para si. Mas, no nosso "projeto vidão", o mote é o equilíbrio. O mais difícil da vida, já sabemos, é ser normal. Ter disciplina para fazer exercício algumas vezes por semana, dar uma segurada no doce e na fritura no dia a dia, mas comer sem culpa um nhoque gostoso com a sua família.

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Tudo para dizer que, no nosso "projeto vidão", não tem barriga chapada, mas, por outro lado, tem cerveja no carnaval, Bloody Mary com as amigas, doce com os filhos e sobrinhos e tem soninho até mais tarde no domingo. No "projeto vidão" tem caminhada gostosa no fim de semana, pizza feita a mão com os amigos e carteado na praia. Tem sessão de filmes antigos com pipoca e dormir na sombra depois de um dia inteiro no sol. Tem também terminar o livro que começou em abril, queijo coalho torradinho e o direito de bater um frescobol, como diz minha amiga, "sem ter de ser o Federer das areias". E tem mais: água de colônia refrescante depois do banho gelado e cozinha cheia de gente opinando na quantidade de sal e pimenta. Tem massagem no pé depois de andar na areia quente e aperitivos engordativos antes de servir o almoço. Taí, dá pra abrir mão? Pena que hoje é segunda-feira e volta tudo ao normal...

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