Minha relação com os perfumes é sazonal. Já tive fragrâncias com as quais mantive uma relação muito intensa. Durante certa época, foram essenciais, marcaram um tempo, sentimentos, pessoas. E de tanto representar aquela vivência, perderam sua graça quando o tempo passou. Perfumes que foram usados apenas em uma viagem, mas que ficaram tão fortes na memória sendo daquele lugar, que, usar em São Paulo -- no trânsito caótico -- é, no mínimo, um desrespeito à minha nostalgia. Tem também os cheiros da adolescência, na descoberta da vaidade, aprendendo a passar rímel e ouvindo elogios. Cada vez que sinto o cheirinho do perfume que eu passava na adolescência, é como se voltasse ao meu quarto de menina, me olhando no espelho entre a tabela periódica e a foto das amigas, aprendendo a ser mulher.
Existiram também relações com perfumes que foram frustrantes. Tive um pelo qual me apaixonei perdidamente e que -- de um dia para o outro -- foi tirado de linha. Pluft. Sumiu. E pior: uma versão enganosa, de mesmo nome, foi colocada no mercado. Pura traição. Nada pior do que um cheiro genérico de algo de que você se sentiu tão próxima e à vontade.
E, amigas, é preciso dizer: há os amores eternos. Não importa a época ou o lugar, é o seu cheiro, o seu perfume. Aquele que, ao encontrar amigos do passado e do presente, será sempre lembrado como seu cheirinho por eles. Eu tenho o meu. Minhas amigas conhecem, minha mãe sabe. As pessoas me dão de presente, compro-o em quase todas as viagens. Escuto "Ma, senti o seu cheiro outro dia no elevador"...Não uso em todas as ocasiões, é verdade. Mas ele está ali, para mim, e eu o sinto como sendo meu. Mesmo durante as fases mais diferentonas, ele estava sempre ali. Firme e forte. Amor para sempre.
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