Minha esperança era o tal do estirão. Afinal, as meninas da minha classe já eram bem maiores do que eu. Mas não teve jeito. Nunca consegui me livrar dos meus 1,54. Tampouco queria ser a Ana Hickmann. Mas, assim, uns 10 centímetros a mais... não faria mal nenhum.
Que fique claro: não é assim ruim. Temos até música do rei Roberto Carlos, dá para passar em lugares estreitos, se acomodar em cantinhos e não sofremos com roupas curtas. Mas que dá uma invejinha (branca) das mulheres altas, esguias, cheias de pose -- isso dá. E também dá vontade de sair da sala quando alguém manda as clássicas"toda baixinha é invocada" e "é nos menores frascos que estão os melhores perfumes E PIORES VENENOS".
Nenhuma baixinha aguenta mais essas. Também existem problemas práticos a serem resolvidos, de olho no nosso mercado consumidor. Banco do carro, que nunca nessa vida levanta a ponto de nos permitir enxergar os buracos das ruas. Ou então fazer a barra da calça --seria lindo, um dia, vestir uma calça e sair saltitante por aí, sem ter que deixar para fazer a barra, ir buscar, pagar... Ou os quilinhos a mais. Se uma mulher alta engorda 1 ou 2 quilinhos, passa despercebido. Agora, uma baixinha...
Outro dia, li um texto do Gregório Duvivier em que ele falava exatamente sobre como teve que abandonar o sonho de ser um guarda da Scotland Yard ao saber que nunca passaria dos 1,70. Nós, as mulheres baixinhas, às vezes também abrimos mão de algumas baboseiras: usar aquele macacão incrível que fica bonito na Gisele Bündchen, vestidos longuetes, babados... enfim. Existe toda uma cartilha do que nós, as baixinhas, tentamos seguir a fim de tentar "alongar" o que não é alongável.
" Ah... mas mulher baixinha tem seu charme", me dirão, alguns. Gostamos de acreditar que sim. Não é ruim ser a "baixinha" da patota e nem a ternura que provocamos, vez ou outra, simplesmente por ser um pouco mais compactas.